Temporal deixa 3 mortos no Rio; cidade permanece em estágio de crise

 

 O temporal que atingiu a cidade do Rio de Janeiro na noite desta quarta-feira (6) deixou três mortos e fez a cidade amanhecer nesta quinta em estágio de crise, o mais grave em uma escala de três em situações do gênero. Houve deslizamento de terra na comunidade do Vidigal, ruas e um hotel de luxo ficaram alagados, parte de uma ciclovia colapsou e árvores caíram. O prefeito Marcelo Crivella (PRB) decretou luto oficial de três dias.

Em Barra de Guaratiba, na zona oeste da cidade, uma casa desabou na estrada da Vendinha, matando duas pessoas e deixando dois feridos. Eles foram levados para o hospital Lourenço Jorge, na zona oeste, mas seus estados de saúde são desconhecidos. Na comunidade da Rocinha, na zona sul, um deslizamento de terra matou outra pessoa.

Segundo o Alerta Rio, radar meteorológico da prefeitura, nas últimas 24h choveu na Rocinha 165 mm, o equivalente a quase o total esperado para o mês de fevereiro, que é de 199 mm. Na comunidade do Vidigal, choveu 162 mm (273 mm era o esperado para este mês).

Em razão da grande quantidade de chuva, de acordo com o Alerta Rio, há probabilidade "muito alta" de deslizamentos de terra na zona sul da cidade e "alta" na região da Barra/Jacarepaguá.
A Defesa Civil diz que ocorreram ao menos dois deslizamentos no Vidigal, que fica na zona sul, e que a área da favela está inacessível. Um ônibus foi atingido pelo desabamento de uma encosta na avenida Niemeyer, que liga o Leblon a São Conrado e é uma das principais vias de acesso entre as zonas sul e oeste. O motorista foi retirado ferido, mas duas pessoas estariam desaparecidas - autoridades não confirmam.

Também na avenida Niemeyer, parte da ciclovia Tim Maia desabou por conta do temporal. Em abril, a ressaca do mar derrubou parte da estrutura, matando dois homens de 53 e 45 anos.
Perto das 7h, chovia fraco em algumas áreas do Rio, mas a previsão é de chuva forte a muito forte nesta quinta-feira, segundo o Alerta Rio. A prefeitura recomenda à população que, caso possa, evite se deslocar pela cidade.

Ruas bloqueadas

A zona sul do Rio amanheceu com dezenas de ruas bloqueadas por árvores caídas e alagamentos.
Segundo o Centro de Operações da prefeitura, a avenida Niemeyer está interditada nos dois sentidos sem previsão de liberação.
AV. NIEMEYER segue interditada, nos dois sentidos, neste momento. Equipes continuam no local.
Vídeo: BTN pic.twitter.com/BhCf0xxUBu
? Centro de Operações Rio (@OperacoesRio) February 7, 2019
Uma árvore gigante bloqueia a rua Visconde de Albuquerque, no Leblon. Também há diversos alagamentos na região da Lagoa e Jardim Botânico. Na praia de Copacabana diversos quiosques da praia foram destruídos pelo vento.
Na Lagoa-Barra, um acidente com caminhão ocupa faixa do sentido Lagoa, altura da Estrada do Joá. Na estrada dos Bandeirantes, um acidente envolvendo um ônibus ocupa a faixa do sentido Recreio, altura de Curicica.

Na avenida Brasil, Linha Amarela e Linha Vermelha foram liberadas e estão sem interdições. A estrada Grajaú-JPA está liberada no sentido Grajaú e temporariamente interditada sentido JPA. O túnel Zuzu Angel foi parcialmente liberado nos dois sentidos.

No total, segundo a prefeitura, cerca de 600 homens são empregados desde a noite de ontem nos trabalhos de limpeza e desbloqueio das vias afetadas pelo temporal.
De acordo com as concessionárias, os sistemas do metrô, trens, BTE e VLT operam normalmente, neste momento.

Sirenes acionadas

Sirenes foram acionadas às 21h48, segundo a Defesa Civil, nas comunidades da Rocinha e Sítio Pai João. Os alertas indicam aos moradores o momento para desocuparem suas residências e irem para pontos de apoio.

As sirenes começaram a tocar e algumas pessoas começaram a descer. Teve muito corre-corre, a correnteza nas ruas era muito forte, arrastou geladeiras e até um carro da polícia
Disse um morador que se identificou apenas como Emílio
Um vídeo que circula nas redes sociais mostra um homem sendo levado pela correnteza na Rocinha. Não há informações sobre sua situação.
morador da comunidade da rocinha sendo levado pela correnteza da água da chuva, q triste. força comunidade da rocinha pic.twitter.com/8MDKp3QQfJ
? Baile Da Gaiola (@baile_gaiola10) 7 de fevereiro de 2019
A chuva, que começou perto das 18h de quarta-feira, ficou mais forte a partir das 20h na zona oeste, e atingiu também a zona sul. O sistema de ônibus BRT teve suas operações paralisadas no corredor Transoeste. Das 19h às 23h44, a Defesa Civil recebeu 80 chamados para vistoria em decorrência das chuvas em vários bairros.

Fornecimento de energia e estragos

A concessionária Light informa em nota que a cidade tem tido interrupções de energia, especialmente em trechos da zona oeste, como Barra da Tijuca e Recreio e, na zona norte, em especial na Tijuca. "Os ventos muito fortes provocam queda de objetos sobre a rede, galhos de árvores e árvores inteiras, dificultando os reparos. A Light segue trabalhando para restabelecer o fornecimento de energia", diz a nota.

Um vídeo nas redes mostra os estragos que a chuva forte causou no Hotel Sheraton, no Leblon, na zona sul. A reportagem do UOL entrou em contato com o hotel e confirmou que o hall de entrada do local foi tomado pela água da chuva.

Até pouco antes da meia-noite, os funcionários trabalhavam para retirar a água do local, e a maioria dos hóspedes estava resguardada em seus quartos.

Outro vídeo que circula nas redes mostra o que seria o alagamento em dos pisos do Shopping Leblon, também na zona sul. Alguns usuários afirmam que parte do teto teria desabado. A reportagem tentou confirmar com o estabelecimento, mas nenhum telefone atendeu.

UOL

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