Para além da poluição urbana e obstrução das calçadas, o acúmulo de lixo em
espaços públicos potencializa os riscos para a saúde, especialmente
durante o período chuvoso. Conforme escoa pelas ruas, a água oriunda das
precipitações pode carregar consigo bactérias que se proliferam em meio aos dejetos, aumentando as chances de infecção.
Em sacolas de lixo comumente descartadas por domicílios e comércios,
pode ser observada a presença de bactérias que se desenvolvem
naturalmente neste meio. No caso de contato direto com os materiais —
como é o caso de catadores de lixo —, é preciso realizar a higiene
adequada das mãos.
Dentre os microorganismos contidos nos dejetos, destaca-se a bactéria da leptospirose.
“Ela consegue ter uma sobrevida durante muito tempo no meio ambiente, e
se tiver uma chuva muito forte com alagamento, lavando a área
contaminada, a bactéria é levada também”, explica Rui de Gouveia,
coordenador das redes de Atenção Primária e Psicossocial da Secretaria
Municipal da Saúde (SMS).
Com as chuvas e, consequentemente, os alagamentos, o risco da
contaminação pela leptospirose aumenta naturalmente. Normalmente, a
bactéria penetra pela pele lesionada, mas caso uma pessoa permaneça
longos períodos com o pé submerso em água contaminada, há um risco maior
de infecção. Caso haja um breve contato com poças de água da chuva, não
há motivo para preocupação. Recomenda-se, porém, que lave e seque os
pés quando for possível.
Sintomas
“Quando a bactéria da leptospirose penetra no organismo, ela cai na
circulação sanguínea e causa, em sua fase inicial, um quadro muito
semelhante ao da dengue. Mal-estar, febre alta, dor no corpo, dor de
cabeça”, ressalta o coordenador. Contudo, segundo ele, a patologia
possui uma característica notável que a difere do diagnóstico de dengue:
dor no músculo da panturrilha.
Após a fase inicial da doença, geralmente, o paciente se recupera.
“Mas a leptospirose pode ter uma segunda etapa, que caso a pessoa
progrida para ela, é preciso internar. É uma fase que pode afetar os
rins e o fígado. É mais crítica, e tem uma letalidade de 40%”, diz
Gouveia. Por isso, é indicado procurar um médico o quanto antes.
Outras bactérias comuns em meio ao lixo são os coliformes fecais.
Mesmo sem possuir a mesma facilidade de infecção observada na
leptospirose, os microorganismos podem causar diarreia ou uma inflamação
no intestino grosso, em casos mais graves. Para evitá-los, é preciso
lavar bem as mãos e manusear os alimentos também com os devidos cuidados
de higiene.
Diário do Nordeste