O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), avisou ontem ao ministro
da Economia, Paulo Guedes, que deixará a articulação política pela
reforma da Previdência, informa O Estado de S.Paulo.
Segundo a reportagem, Maia tomou a decisão após virar alvo de novo
ataque do vereador Carlos Bolsonaro (PSC-RJ), filho do presidente Jair
Bolsonaro, no Twitter. O deputado disse a Guedes, conforme o jornal, que
se é para ser atacado nas redes sociais por filhos e aliados de
Bolsonaro, o governo não precisa de sua ajuda.
Maia é o principal articulador político do presidente no Congresso e
fiador da reforma da Previdência. Passados 80 dias de mandato, Bolsonaro
ainda não conseguiu formar uma base parlamentar e enfrenta críticas
inclusive dentro de seu partido. As reclamações vão da falta de atenção
dos ministros aos parlamentares à demora na liberação de cargos na
administração federal, entre outras.
De acordo com o Estadão, a ligação do presidente da Câmara para o
ministro da Economia foi presenciada por líderes de partidos do Centrão,
que reúne partidos como o próprio DEM, o PP, o PRB, o PR e o
Solidariedade. A falta de articulação no Congresso, as ofensivas contra
ele nas redes sociais e a tentativa do ministro da Justiça, Sérgio Moro,
de acelerar a votação do pacote anticrime – que o deputado pretende
jogar para depois da reforma da Previdência – estão entre os motivos da
irritação.
“Eu estou aqui para ajudar, mas o governo não quer ajuda”, disse Maia,
segundo parlamentares que presenciaram o telefonema. “Eu sou a boa
política, e não a velha política. Mas se acham que sou a velha, estou
fora.” Maia chamou Moro de "funcionário de Bolsonaro" e de não saber
fazer política.
Carlos Bolsonaro compartilhou ontem nas redes a resposta de Moro à
decisão de Maia de não dar prioridade agora ao projeto que prevê medidas
para combater o crime organizado e a corrupção. “Há algo bem errado que
não está certo!”, escreveu Carlos no Twitter. No Instagram, o vereador
fez uma pergunta considerada provocativa por Maia: “Por que o presidente
da Câmara está tão nervoso?”.
Rodrigo Maia é genro do ex-ministro Moreira Franco (MDB), preso ontem,
assim como o
ex-presidente Michel Temer, pela Polícia Federal. Ambos são
acusados de desviar recursos de obras da usina de Angra 3 e de
integrarem uma organização criminosa ligada a um esquema de corrupção de
R$ 1,8 bilhão, segundo o Ministério Público Federal.
Maia é peça fundamental para Bolsonaro neste momento. É dono da pauta do
plenário da Câmara. Tem sido o principal defensor da reforma da
Previdência em um cenário em que o governo não tem nomes de peso na
articulação política com o Parlamento.
Congresso em Foco