O Ministério Público Federal afirma, em nota, que o grupo criminoso
supostamente liderado por Michel Temer praticou diversos crimes
envolvendo órgãos públicos e empresas estatais. De acordo com o órgão,
foi prometido, pago ou desviado para a organização mais de R$ 1 bilhão e
800 milhões de reais. O pedido de prisão foi feito, diz o MPF, porque
os fatos somados apontam para a existência de uma organização criminosa
em plena atuação.
A investigação mostrou que diversas pessoas físicas e jurídicas usadas
de maneira interposta na rede de lavagem de ativos de Michel Temer
continuam recebendo, movimentando e ocultando valores ilícitos,
inclusive no exterior. Segundo o órgão, muitos dos valores prometidos
como propina seguem pendentes de pagamento ao longo dos próximos anos.
As apurações, segundo o Ministério Público, também revelaram uma espécie
de braço da organização especializado em atos de contrainteligência,
com o objetivo de dificultar as investigações. Entre tais atos, estariam
o monitoramento das investigações e dos investigadores, a combinação de
versões entre os investigados e seus subordinados, e a produção de
documentos forjados.
Um dos contratos investigados foi firmado entre a Eletronuclear e as
empresas Argeplan (ligada a Michel Temer e ao Coronel Lima), AF Consult
Ltd e Engevix, para a execução de um projeto de engenharia da usina
nuclear de Angra 3.
O Ministério Público afirma que as empresas contratadas não tinham
pessoal ou expertise suficientes para a realização do projeto de
engenharia da usina de Angra 3. Por isso, subcontrataram a Engevix, em
troca do pagamento de propina de cerca de R$ 1 milhão em benefício do
ex-presidente.
"As investigações demonstraram que os pagamentos feitos à empresa AF
Consult do Brasil ensejaram o desvio de R$ 10 milhões e 859 mil reais,
tendo em vista que a referida empresa não possuía capacidade técnica,
nem pessoal para a prestação dos serviços para os quais foi contratada",
diz a nota.
Segundo o Ministério Público Federal, a propina foi paga pela Engevix ao
final de 2014, por meio de transferências que totalizaram R$ 1 milhão e
91 mil, da empresa da Alumi Publicidades para a empresa PDA Projeto e
Direção Arquitetônica, controlada pelo Coronel Lima. Para justificar as
transferências, foram simulados contratos de prestação de serviços.
UOL