As chuvas que banham o Município de Quiterianópolis, na região dos
Inhamuns, levam para o Rio Poti, um dos principais cursos de água do
Estado, rejeitos de minério de ferro oriundos da mineradora Globest, que
explorou uma área na Serra do Besouro, entre 2011 e 2012. O dano
ambiental é visível e traz preocupação para os moradores, que denunciam
aumento da incidência de doenças dermatológicas e respiratórias após a
implantação do empreendimento.
A empresa também teria desviado parte do curso do rio, aterrando uma
área para dar acesso ao canteiro de obras, segundo os moradores. Os
rejeitos acumulados na mineradora e em seu entorno escorrem por valas
escavadas pela empresa, na localidade de Bandarro, zona rural de
Quiterianópolis. Quem passa ao lado da Rodovia CE-187, após o acesso à
cidade de Quiterianópolis em direção a Novo Oriente, percebe parte da
Serra do Besouro devastada e maquinários instalados. Ali, funcionou por
seis anos, de forma intensiva e mecânica, a exploração de minério de
ferro. Quando chove de forma mais intensa, a lama de coloração vermelha e
preta atinge o leito do Rio Poti.
Dano à saúde
O morador José Neto Pereira de Almeida, 57 anos, relaciona o
aparecimento de doenças pulmonares à emissão de poeira tóxica e à
contaminação da água. Segundo ele, além dos danos à saúde, ele sofre com
gastos elevados com consultas, exames e medicamentos. "Vendi bovinos,
ovinos e caprinos para cuidar da minha saúde que não tem melhora",
contou Almeida.
Ao caminhar no entorno da mineradora, ele mostra montanhas de
rejeitos, desvio do rio e muitas pedras com minério de ferro espalhadas
pela área. "Aqui houve muitas explosões, sem avisar a ninguém", lembrou.
"O Governo precisa olhar para nós". Os moradores reclamam de rachaduras
em casas decorrentes de explosões na mina. O produtor rural, Oscar
Macedo, disse que perdeu plantio de coco, banana e laranja. "A poeira
que vinha da mina acabou com meu sítio", disse. "Para nós, essa mina só
trouxe problemas e gerou menos de dez empregos na comunidade porque mais
de 150 operários eram de fora".
(Diário do Nordeste)