Apesar de crítico ferino da atual gestão, o senador tucano Tasso
Jereissati mostra forte preocupação com o possível fracasso da agenda
econômica do governo. Em entrevista ao Valor Econômico desta
segunda-feira, ele diz que quer ajudar a aprovar a reforma da
Previdência, mas é contrário à adesão formal do PSDB ao governo.
Para Tasso, a visão “marcadamente conservadora dos costumes, ponto
central da agenda do PSL e do presidente Jair Bolsonaro, é uma diferença
clara” entre o grupo político que está no poder e os tucanos.
“Nosso espaço é este, uma visão liberal na economia, bastante liberal
nos costumes e que vê o Estado como elemento regulador e atuante na
questão dos desequilíbrios sociais”, observou.
Para Tasso, relator da Comissão Especial do Senado que acompanhará a
Reforma da Previdência, nunca houve momento tão propício à aprovação
dessa matéria. Mas ele lembra que o tempo corre contra o governo e as
maiores dificuldades sequer começaram.
“A pressão das corporações [do funcionalismo público] ainda nem
começou”, advertiu. O tempo “ótimo” para o governo colocar a reforma em
tramitação, que seriam os dois primeiros meses do mandato, já foi
perdido. “Na Câmara, tem que passar até julho. Voltando do recesso
parlamentar sem ter resolvido na Câmara, fica muito difícil. Passa uma
coisinha ou outra, mas bem magrinha.”
Na opinião do senador, o problema está no próprio governo e,
essencialmente, nas atitudes do presidente. “Parece que Bolsonaro ainda
não assumiu o papel de presidente da República. Ele está fomentando a
discórdia. É a antítese do que um presidente quer para o seu governo”,
afirma.
Tasso lamenta que o governo do presidente Jair Bolsonaro esteja
queimando capital político com questões “inúteis”, bate-bocas entre
ministros e contradições internas, como a existente entre a agenda
liberal e “globalista” do ministro da Economia, Paulo Guedes, e a
antiglobalização defendida pelo chanceler Ernesto Araújo.
O POVO