Quando esta estrela explodiu, um
planeta sobreviveu à catástrofe. Agora, os cientistas encontraram parte dele a
orbitar a anã branca em que a estrela se transformou. O Sistema Solar vai
acabar assim.
Esta estrela devia ser semelhante
ao Sol. O planeta Marte também pode ser poupado à explosão (University of
Warwick/Mark Garlick)
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Uma parte de um planeta que
sobreviveu à explosão da estrela à volta da qual orbitava foi encontrada a 400
anos-luz da Terra. Um novo relatório publicado esta quinta-feira na
revista Science dá conta da descoberta de um planeta morto a
orbitar uma anã branca — o cadáver de uma estrela com a massa semelhante à do
Sol — num sistema estelar semelhante ao nosso. Este mundo distante, que só
conseguiríamos alcançar se viajássemos durante 400 anos a uma velocidade de 300
milhões de metros por segundo, representa o destino a que o Sistema Solar está
condenado. Encontrá-lo é como olhar para o nosso futuro.
Quando as estrelas com a mesma
massa que o nosso Sol esgotam todo o combustível que lhes faz brilhar, a
matéria que as constitui colapsa à conta da força gravítica e transforma-se em
anãs brancas. No momento em que explodem, todos os planetas que a orbitam são
dizimados e reduzidos a meros escombros, tal como vai acontecer com a Terra
quando o Sol esgotar todo o hidrogénio no núcleo e morrer. Foi este o cenário
que uma equipa de cientistas da Universidade de Warwick encontrou quando o
explorou o céu noturno com o Grande Telescópio das Canários, um dos maiores
observatórios do mundo.
No meio dessa nuvem de poeiras em
redor da anã branca, os cientistas encontraram uma flutuação no comprimento de
onda da luz emitida pelo disco de escombros. Era uma flutuação pequena que
aparecia de duas em duas horas, indicando que havia algum corpo celeste a
orbitar aquele cadáver estelar a uma grande velocidade. Esse corpo celeste,
especulam os cientistas, deve ser a parte de um planeta que se destruiu, mas
apenas parcialmente, com a explosão da estrela.
Sabe-se muito pouco sobre esse
corpo celeste. Pela flutuação que provoca, estima-se que tenha um raio de 400
quilómetros, ou seja, o tamanho de Ceres, o maior asteroide do Sistema Solar. O
facto de surgir entre a Terra e a anã branca a cada duas horas também indica
que orbita o cadáver estelar a uma distância muito curta dele. Tão curta que só
pode ser feito de um material muito resistente, como o ferro ou um metal pesado
como os que compõem os planetas rochosos do Sistema Solar, ou então seria
engolido pela anã branca. E o rasto de gás que surge atrás dele pode ser
provocado quando colide com outras partículas à volta da anã branca.
Este pedaço de planeta que os
cientistas britânicos encontraram pode ser o fim a que o planeta Marte pode
estar condenado dentro de cinco mil milhões de anos, quando o Sol evoluir para
uma estrela gigante vermelha e depois explodir para se transformar numa anã
branca. No momento em que isso acontecer, os três primeiros planetas rochosos —
Mercúrio, Vénus e Terra — devem ser transformados em pó pela proximidade que
têm ao Sol. Marte, no entanto, está longe o suficiente para ser um pouco mais
poupado.