O preço dos remédios vendidos com receita subirá até 4,33% no Brasil. No Ceará, o aumento chegará completamente a farmácias em, no máximo, 15 dias. Isso porque o varejo aguarda a nova tabela da indústria farmacêutica para repassar ao consumidor final. Já o percentual aplicado sobre o produto dependerá de cada estabelecimento. O reajuste, que entrou em vigor ontem, é definido pela Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos (CMED), do Ministério da Saúde (MS).
De acordo com Maurício Filizola, diretor-tesoureiro do Sindicato do
Comércio Varejista de Produtos Farmacêuticos do Estado (Sincofarma),
algumas empresas conseguem segurar o acréscimo em razão de um estoque
robusto. "Na medida em que as farmácias vão recebendo os novos valores é
que elas podem operacionalizar, o que leva de uma semana a 15 dias",
estima. Entram no cálculo fatores como a inflação brasileira, medida
pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), variação
cambial e tarifas de energia.
Segundo a CMED, será uma correção igualitária para os três grupos de
insumos: os de maior concorrência, moderada e concentrada. Atualmente,
mais de 12 mil apresentações de medicamentos são comercializadas no
País. Joseph Vasconcelos, professor do Departamento de Teoria Econômica
da Universidade Federal do Ceará (UFC), explica que o segmento não tem
indicador próprio.
"Na inexistência de um índice oficial de preços específico para o setor
de fármacos, a empresa reguladora tenta captar a inflação de custo
adicionando alguns componentes ao IPCA para se chegar ao percentual de
aumento a ser autorizado", esclarece. São levados em conta então os
insumos usados pela indústria farmacêutica, como energia e componentes
químicos comprados no mercado externo. O reajuste é aplicado para
equilibrar as receitas e os custos do setor.
De acordo com a última Pesquisa de Orçamentos Familiares do Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a participação dos
remédios na despesa orçamentária foi de 2,3%, na Região Metropolitana de
Fortaleza (RMF), em 2018.
A aposentada Maria Aridne Girão, 77, sabe bem do aperreio que é precisar
destinar parte da sua renda para medicação. Ela gasta R$ 300 da sua
aposentadoria para comprar fármacos mensalmente. "Parece que sobe de
dois em dois meses", relata. Os frequentes aumentos observados por ela
ocorrem devido a inflação dos produtos farmacêuticos, que ficou em 3,16%
na RMF, nos últimos 12 meses.
Em nota, o Sindicato da Indústria de Produtos Farmacêuticos
(Sindusfarma) destacou que o reajuste "não acarreta aumentos automáticos
e imediatos". Érico Veras Marques, pesquisador da área de finanças
pessoais e comportamentais da (UFC), acredita que a saída é uma boa
saúde financeira. "O consumidor está passando pelas altas da conta de
energia, plano de saúde, medicamentos, e está num ambiente onde não tem
aumento de salário. Enquanto o ambiente econômico não melhora, o
consumidor tem que tomar cuidado no processo de endividamento".
O POVO