O bloqueio de 30% no orçamento da Universidade Federal do Ceará (UFC),
mediante determinação do governo federal, representa uma perda de mais
de R$ 45 milhões aos cofres da instituição. Além de dificultar o
pagamento de despesas e interferir em novos investimentos, o percentual
retido pode impactar ainda no funcionamento do Hospital Universitário
Walter Cantídio e na Maternidade Escola Assis Chateaubriand.
A informação é do reitor Henry Campos, repassada durante entrevista ao
G1, na segunda-feira (6). Sem dimensionar os prejuízos da medida
anunciada pelo Ministério da Educação (MEC) no último dia 30 de abril,
ele confirma a possibilidade de os dois hospitais universitários ligados
à UFC terem dinâmica alterada.
“Poder, pode, porque eles também se beneficiam de atividades de ensino e
de pesquisa”, pondera o reitor, explicando ainda que, embora as
unidades não recebam verba do MEC para funcionar, a falta de recurso
suficiente impossibilita a execução de atividades de extensão dos
estudantes. “Eu não quero nem imaginar, porque isso não seria uma coisa
drasticamente imediata, mas seria progressivamente e isso teria um peso
nas atividades do hospital e da maternidade, influenciando até numa
redução da qualidade do serviço prestado”, considera.
Orçamento
O orçamento previsto para este ano na UFC era de R$ 158 milhões. Do
valor bloqueado, R$ 43 milhões seriam destinados ao custeio, que envolve
despesas com água, luz, restaurante universitário, manutenção, limpeza e
segurança. Já os outros R$ 2 milhões, para investimentos nos 8 campi da
universidade, como aquisição de equipamentos e finalização de obras em
andamento.
Contudo, segundo Henry Campos, a instituição ainda não foi comunicada
oficialmente acerca da medida, embora o bloqueio já conste no Sistema
Integrado de Monitoramento Execução e Controle (Simec), desde o dia do
anúncio. Por esse motivo, o reitor deve encaminhar até a próxima
quarta-feira (8) um documento ao MEC evidenciando os indicadores de
desempenho da UFC, como tentativa de reverter a decisão.
“A universidade vem cumprindo muito bem o seu papel e sendo muito bem
avaliada nos rankings, os cursos são bem avaliados as pós-graduações são
muito positivas, enfim, a gente lidera entre as universidades do
Nordeste”, destaca o reitor. Caso o MEC não mude de ideia, Henry Campos
pede que o órgão o direcione sobre a continuidade das atividades na
Universidade Federal do Ceará com o novo orçamento. “Preciso saber como
eu devo proceder porque ele é o mantenedor, de quem será a
responsabilidade do vencimento desses contratos, que atividades eu devo
suspender”, declara.
G1 CE