Dezenove policiais e o vice-prefeito de Milagres, Abraão Sampaio de Lacerda, foram denunciados pelo Ministério Público do Ceará (MPCE) acusados de homicídio qualificado e fraude processual no caso que provocou a morte de 14 pessoas, entre reféns e assaltantes.
Conforme o órgão, a investigação concluiu que as lesões causadoras das mortes de cinco reféns partiram dos policiais
que estavam com fuzis e aponta a participação de policiais nas mortes
de integrantes do bando responsável pela tentativa de assalto.
“Não há como negar que, ao efetuarem três dezenas de tiros de fuzis
contra pessoas indefesas, num momento em que não existia confronto entre
assaltantes e policiais, e em que os reféns tentavam se abrigar por
trás de um poste, os denunciados assumiram conscientemente o risco de
produzir as suas mortes, devendo, portanto, receber as sanções pela
prática de cinco crimes de homicídio por dolo eventual”, cita na ação.
Ainda de acordo com a denúncia, os policiais formataram por duas
vezes um aparelho de DVR de uma câmera de segurança instalada nas
proximidades de uma agência bancária na tentativa de apagar as provas do
crime. A fraude teria acontecido na manhã do dia 7 de dezembro último.
Ao mesmo tempo, com auxílio de terceiros, eles recolheram projéteis e
moveram os cadáveres com o intuito de induzir o erro da perícia forense
que examinou a cena do crime.
Por esse motivo, o MPCE solicitou à Justiça a suspensão do exercício das funções públicas dos policiais e do vice-prefeito, que têm um prazo de 10 dias para responder às acusações.
Em nota, a Polícia Militar (PM) informou que só irá se pronunciar sobre o assunto após ser notificada oficialmente sobre a denúncia. A reportagem tentou entrar em contato com o vice-prefeito, mas as ligações não foram atendidas.
(Diário do Nordeste)