Pelo menos 410 pessoas morreram até a primeira quinzena de junho
depois de contrair dengue, zika ou chikungunya, todas doenças
transmitidas pela picada do Aedes aegypti. Neste ano, foram duas mortes
provocadas por zika, 20 por chikungunya e 388 por dengue.
O número
é quase três vezes maior do que o registrado no mesmo período do ano
passado, quando 151 pessoas não resistiram às complicações provocadas
pelas infecções. A exemplo do número de mortes, avançam no País os
registros de casos das três doenças. Até o dia 15, foi contabilizado
1,192 milhão de casos prováveis de dengue, 6,7 vezes mais do que no
mesmo período do ano passado. No caso da chikungunya, o aumento foi de
11,9% no período. Até agora, foram 71.079 casos. A zika seguiu a mesma
tendência. Foram 7.530 casos, um aumento de 28% em relação a 2018.
Vários
Estados do País registram epidemia de dengue. Em Minas, a relação é de
1.901 casos a cada 100 mil habitantes. Em Goiás, a proporção é de
1.294,7 a cada 100 mil, seguido pelo Espírito Santo (1038 casos por 100
mil) e por Tocantins (990,5 casos/100 mil hab.). Os números também
despertam preocupação em São Paulo (854,1 casos/100 mil hab.), Distrito
Federal (808,7 casos/100 mil hab.) e Acre (565 casos/100 mil hab.)
A
chikungunya, por sua vez, afeta sobretudo o Sudeste e Norte. Os maiores
registros são no Rio de Janeiro (291,7 casos/100 mil hab.), Rio Grande
do Norte (82,4 casos/100 mil hab.) e Pará (37 0 casos/100 mil hab.). O
secretário de Vigilância em Saúde, Wanderson Kleber, afirmou haver um
risco de que a tendência de aumento de casos da doença se repita no
próximo ano, daí a necessidade de se reforçar medidas de prevenção.
Ao
apresentar os números, o Ministério da Saúde afirmou que as ações
combate ao mosquito são permanentes e tratadas como prioridade. Este
ano, no entanto, houve falta de inseticida usado no fumacê. Cerca de 323
mil litros de malathion comprado por meio da Organização Pan-Americana
de Saúde perderam a validade e não podem ser usados. Além disso, 80 mil
litros que se encontram nos estoques dos Estados, também vencidos, aos
poucos estão sendo substituídos. Numa reunião hoje com representantes de
secretários estaduais e municipais de saúde, o secretário afirmou que
as trocas são realizadas apenas de produtos que já estão vencidos. Não
serão fornecidos produtos para unidades que já estão com estoques
reduzidos, mas com prazo ainda válido. Novas remessas, completou, serão
feitas apenas com inseticidas adquiridos em novas compras.
Periodicamente,
os inseticidas usados para fazer o fumacê são trocados, para evitar que
o mosquito desenvolva resistência ao produto. A definição do repertório
de inseticidas é feita pela Organização Mundial da Saúde. Kleber
informou que as novas compras envolverão produtos mais seguros para os
trabalhadores que realizam a aplicação.
Estados e municípios
resistiram em usar o inseticida malathion, fornecido pela empresa Bayer à
OPAS. As queixas mais comuns eram de que o produto empedra, o que acaba
provocando dificuldades na aplicação. Há ainda relatos de vazamentos do
produto, provocados justamente por inconformidades. Kleber informou que
há duas semanas, o Ministério da Saúde foi comunicado sobre o vazamento
do produto em Tocantins e Rondônia. Parte do produto já foi recolhida
pela Bayer. De acordo com Kleber, está em curso uma negociação para que o
produto seja substituído por outro, com prazo de validade correto e sem
inconformidades. Outra possibilidade é de que, em vez de novas remessas
para substituição do malathion, o governo obtenha créditos da empresa
que poderiam ser usados em compras futuras de outros produtos.
Kleber admitiu que, embora inseticidas não sejam a única arma para o combate ao mosquito, estoques têm de ser regularizados.
(Diário de Pernambuco)