Os consumidores não devem sentir os reajustes de preço aplicados pela
Petrobras na gasolina e diesel até que os postos de combustível do
Estado tenham o estoque esgotado. A perspectiva foi confirmada pelo
assessor econômico do Sindicato do Comércio Varejista de Derivados de
Petróleo do Estado do Ceará (Sindipostos-CE) e consultor em petróleo e
gás Bruno Iughetti.
No último dia 31 de maio, a Petrobras anunciou cortes de 7,1% no preço
da gasolina e de 6% no preço do diesel. Os novos valores deveriam passar
a vigorar a partir do dia 1º de maio nas refinarias da Estatal.
Além disso, segundo o assessor econômico do Sindipostos, Antônio José da
Costa, e Bruno Iughetti, o reajuste sentido pelos consumidores nunca
será igual ao que foi aplicado pela Petrobras. De acordo com ambos, a
relação com as refinarias compõe apenas uma parte da construção dos
preços dos combustíveis.
"Os reajustes realmente não chegam na revenda. O caminho percorre
cabotagem, distribuição e outros passos. É muito longo. Esse preço nas
refinarias é apenas um terço do preço final, que chega às bombas. A
gente ainda tem 27% de álcool, 50% que é imposto, transporte e o varejo,
então quando ela chega na ponta", disse Antônio José.
"Só depois de um período, depois que a gasolina antiga for consumida,
que o consumidor vai ver esses repasses. Isso acontece porque não dar
pra repassar se você tem a gasolina que o posto comprou com um preço
caro. Há um período de adaptação dos preços que depende do estoque de
cada posto", completou o assessor econômico do Sindipostos.
O período de adaptação mencionado por da Costa, geralmente, dura cerca
de 5 dias, segundo o consultor Bruno Iughetti. O último reajuste
anunciado pela Petrobras, com redução dos preços, foi no último dia 31
de maio. Contudo, Iughetti concordou que os reajustes nas bombas não
serão, provavelmente, no mesmo patamar das atualizações feitas pela
Petrobras.
Segundo Iughetti, a cadeia de produção, pelo ter um tamanho
considerável, acaba influenciando demais a definição dos preços da
gasolina e do diesel. O consultor afirma que 47% do valor dos
combustíveis é relacionado aos impostos que incidem sobre eles.
"O reajuste é para chegar nos postos na hora que se esgotar os estoques
comprados com o preço antigo, e isso acontece também com as
distribuidoras. A partir do instante, e isso demora uns 4 a 5 dias, que
os estoques se diluírem é que vai ser contemplado uma redução no preço
das bombas, mas nunca vai chegar no patamar nas reduções da gasolina
repassado pela Petrobras nas refinarias", explicou Iughetti.
Diário do Nordeste