O jornalista norte-americano Glenn Greenwald afirmou que, em mensagens
que ainda não divulgou, o então juiz federal Sergio Moro relatou convite
de Jair Bolsonaro (PSL) para o Ministério da Justiça, do qual Moro hoje
é titular, antes mesmo de vencer a eleição.
Greenwald é cofundador do site The Intercept Brasil e um dos autores das
reportagens que publicaram conversas de integrantes da Lava Jato no
Paraná no Telegram -- um aplicativo de mensagens. Ele diz que ainda há
mais conteúdo a ser divulgado.
"Temos conversas que ainda não reportamos sobre Moro estar pensando
[antes da eleição] na possibilidade de aceitar uma oferta do Bolsonaro,
caso ele ganhasse. Isso foi antes da eleição, acho que depois do
primeiro turno", afirmou Greenwald ao UOL, sem revelar a identidade do
interlocutor de Moro.
A informação não chega a ser uma novidade. No ano passado, ao aceitar o
convite de Bolsonaro, em novembro, Moro disse que havia sido sondado por
Paulo Guedes, agora ministro da Economia, em 23 de outubro --cinco dias
antes do segundo turno.
Polêmica
O convite a Moro provocou divergências entre integrantes da Lava Jato em
Curitiba. De acordo com o jornalista, mensagens no grupo dos
procuradores mostra que alguns membros alertaram sobre as consequências
negativas que a ida do ex-juiz para o Executivo poderia causar.
"E tem pessoas dentro da força-tarefa da Lava Jato, outros procuradores,
falando que isso iria destruir a reputação da Lava Jato, porque iria
criar uma percepção de que o tempo todo não foi uma apuração contra a
corrupção, nem uma apuração do Judiciário. Mas uma apuração política
para impedir a esquerda e empoderar a direita", relata o jornalista.
Em 1º de outubro, a seis dias do primeiro turno, Moro tornou público um
anexo da delação premiada de Antonio Palloci, homem forte dos governos
de Lula e de Dilma Rousseff, com denúncias contra os governos petistas.
Em documento enviado ao CNJ, Moro negou ter agido para influir na disputa eleitoral.
"Todo mundo sabe que [Moro] fez isso para impedir o adversário principal
do presidente de concorrer, e isso o ajudou a ganhar a eleição",
completou Greenwald.
Uol