Depois de reunir a imprensa para fazer uma balanço da tramitação da
Reforma da Previdência na Comissão Especial da Câmara, o presidente do
colegiado, deputado Marcelo Ramos (PL-AM), disse nesta quinta-feira (6)
que a data de votação da proposta dependerá do ambiente político e do
nível de acordo que for obtido para o texto.
“Não adianta ter o relatório pronto na comissão sem ter a perspectiva de
alcançar os 308 votos no plenário. Então o tempo de agora depende do
tempo da política. O nosso esforço é permanente, mas ele tem suas
limitações, que são inerentes às funções administrativas. Eu sempre
disse que é minha função preparar a matéria para votar. Não é minha
função conseguir os votos necessários para aprovação da matéria. Essa
função é da liderança do governo, da articulação do governo e dos
líderes partidários”, disse.
Sem a presença do relator da reforma, deputado Samuel Moreira (PSDB-SP),
na entrevista, Ramos não quis confirmar a apresentação do relatório
para a próxima terça-feira (11), muito menos adiantar pontos do texto. O
presidente da Comissão Especial, se limitou a informar prazos
regimentais de tramitação do texto.
Segundo ele, apresentado o relatório, há um prazo de 24 horas para ser
lido na comissão. Feita a leitura do documento, é concedido pedido de
vistas de duas sessões. O prazo é para que os parlamentares tenham mais
tempo para analisar o texto. A partir daí é iniciado o processo de
debate. Se houver um bom nível de acordo, explicou, a votação tende a
ser mais rápida porque é possível diminuir o número de deputados
inscritos para discutir a matéria e também de destaques ao texto.
Segundo semestre
Sobre se a votação no plenário da Casa deve ficar só para o segundo
semestre, Ramos disse que tudo dependerá da articulação de quem quer
adiar e de quem tem pressa na matéria. Apesar de ser de primeiro
mandato, ele admitiu que a tradição de quórum esvaziado na Casa por
conta dos festejos juninos este mês, pode prejudicar o andamento da
proposta.
O deputado avaliou ainda que a proposta não tem os 308 votos necessários
para ser aprovada no plenário da Casa, mas que o texto construído pelos
deputados deve ter mais força. “Eu acho que ainda não chega [a 308
votos], mas não dá para especular em cima da proposta do governo. Ouso
dizer que a proposta do governo não tem 100 votos, agora tenho certeza
que o relatório do deputado Samuel ampliará muito o apoiamento à
proposta de reforma da previdência”, disse.
Governadores
Marcelo Ramos não escondeu o clima tenso e o impasse em torno da
inclusão de estados e municípios na reforma, ao declarar que os
governadores podem ajudar bastante. “Se eles calçarem as sandálias da
humildade, vierem à Câmara dos Deputados, reconhecerem que não tiveram
coragem de fazer suas reformas e pedirem aos deputados que ajudem
fazendo o trabalho que eles não tiveram coragem de fazer”, afirmou.
Pessoalmente contra a inclusão que, segundo ele, é o pensamento hoje
dominante na Casa, o deputado acrescentou que a pressão feita pelos
governadores só atrapalha e aumenta a resistência de parlamentares a
incluir estados e municípios no texto. Apesar disso, em relação ao
argumento de pequenos municípios que não tem recursos nem para contratar
um estudo para analisar suas situações, Marcelo Ramos reconheceu que,
com esse argumento, os prefeitos tem mais chances de sensibilizar os
deputados.
(Agência Brasil)



