Os preços dos produtos utilizados no preparo dos pratos típicos de 
festas juninas mostraram alta de 9,15% nos 12 meses compreendidos entre 
junho de 2018 e maio deste ano, superando a inflação acumulada no 
período pelo Índice de Preços ao Consumidor-10 (IPC-10), da Fundação 
Getulio Vargas (FGV), que ficou em 5,06%.
Entre os produtos procurados pelos consumidores, destaque para a 
batata-inglesa, que subiu 98,13%, couve (24,43%), farinha de trigo 
(21,75%), leite de coco (17,80%). O economista do Instituto Brasileiro 
de Economia da FGV (Ibre-FGV) e coordenador do IPC, André Braz, analisou
 que produtos como a batata-inglesa apresentam essas “taxas extremas” em
 alguns momentos do ano.
Essas taxas dependem de condições de safra que, nos últimos meses, não 
foram muito favoráveis, o que acabou possibilitando essa variação em 12 
meses. “Não quer dizer que seja uma situação permanente porque, como são
 lavouras curtas, a oferta se restabelece rapidamente e os preços tendem
 a devolver toda essa gordura, todo esse aumento acumulado nos últimos 
meses. O ponto principal é que esses aumentos não são duradouros”, 
afirmou.
Câmbio
Outros itens componentes da cesta, principalmente os derivados do trigo,
 soja e milho, tiveram aumentos mais fortes porque, no ano passado, 
ocorreu uma desvalorização cambial maior. Este ano, Braz disse que o 
câmbio anda estável, devolvendo um pouco da valorização nos últimos 
dias. “Mas o acumulado em 12 meses ainda fica pressionado”. Como os 
preços das commodities (produtos agrícolas e minerais comercializados no
 mercado internacional) são negociados em bolsa, em especial milho e 
trigo, os preços dos derivados subiram muito, apresentando aumentos de 
dois dígitos. Isso tende a inflar também um pouco a variação média da 
cesta feita para esse período do ano.
Entre os alimentos in natura, como batata-inglesa e couve, não há 
tendência de que a alta perdure por muitos meses. “A gente está vendo na
 coleta de preços do segundo trimestre uma desaceleração muito forte 
nessas famílias ‘in natura’ e ela deve durar, pelo menos, até o final de
 julho, início do terceiro trimestre.
Pastagens
Em relação às proteínas, como carnes bovinas, que subiram 6,89% em 12 
meses, linguiça (6,66%) e salsicha e salsichão (12,30%), André Braz 
observou que elas dependem do preço das grandes commodities, porque o 
gado se alimenta de rações à base de milho e soja, e também devido a 
condições de pastagem. Nesse período de inverno, com poucas chuvas, 
afirmou que isso compromete o estado das pastagens e prolonga o aumento 
do preço de proteínas.
O economista do Ibre-FGV avaliou que na família de produtos comprados 
para as festas juninas, o que tem mais chance de recuar no curso prazo 
são os produtos ‘in natura’, isto é, produtos de feira livre.
Para os consumidores que pretendem organizar festas juninas, André Braz 
aconselhou que, como se trata de festas sociais, a melhor maneira de 
driblar o aumento de preços generalizado nessa cesta é dividindo as 
despesas. “Se cada um levar um pouquinho, não vai pesar para ninguém e a
 festa vai ficar bonita. Já se ficar por conta de uma pessoa só, não vai
 ter orçamento para a festa, não”.
Dentre os itens da cesta que apresentaram queda, destaque para farinha 
de mandioca (-23,47%), bolo pronto (-1,98%), açúcar refinado (-0,67%) e 
bebidas destiladas (-0,02%).
(Agência Brasil)
 

 
 
 



 
 
