Uma intervenção arqueológica
realizada na Rua da Saudade, em Lisboa, permitiu a descoberta de vestígios de
um templo romano, o primeiro na capital portuguesa, a pouco mais de 50
centímetros de profundidade.
O achado foi encontrado durante
os trabalhos de escavação efetuados num edifício privado que pretendia
transformar o interior do rés-do-chão numa garagem, dá conta um comunicado
enviado pelo Museu de Lisboa.
A mesma nota explica que estes
trabalhos eram “necessários à implementação do novo projeto de engenharia”,
sendo “obrigatórios sempre que se localizam em locais de potencial valor
arqueológico”. “Temos assim, e pela primeira vez em Lisboa, a
confirmação da existência de um templo. Vários templos existiriam na cidade de
Felicitas Iulia Olisipo. Este, no entanto, é o primeiro com comprovação arqueológica”,
afirma a coordenadora do Museu de Lisboa – Teatro Romano, citada no comunicado.
“Na verdade, não se pode dizer
que foi encontrado o pavimento. O que se encontrava conservado, sendo menos
impactante, é bastante mais curioso. O que se conservou, em perfeito estado de
preservação, foram os negativos deixados pelas placas de pedra na argamassa
ainda fresca, aquando da colocação das pedras. Os motivos geométricos que as
placas formavam eram bastante elaborados, integrando motivos centrais
delimitados por lajes retangulares”, acrescenta Lídia Fernandes.
De acordo com o comunicado, “os
pavimentos da época romana são bastante diversificados”, mas o agora
encontrado, designado de ‘opus sectile’ “não é usual”, sendo o do Teatro
Romano lisboeta o único que se encontra preservado.
“O ‘sectile’ é uma técnica de
ornamentação arquitetónica que consiste no recobrimento de superfícies com
placas de mármore ou outros materiais pétreos, cortados em formas geométricas,
vegetais ou figuradas, formando composições ornamentais (…). O pavimento agora
reconhecido é bastante mais interessante que o do teatro, sendo os motivos mais
elaborados e os tipos de pedra mais diversificados”, lê-se na nota.
O proprietário do imóvel em
questão adaptou o projeto de engenharia e de arquitetura de forma a manter as
estruturas romanas sem “qualquer afetação”.
“O seu interesse pelos vestígios
arqueológicos levou-o a optar pela musealização de uma área do
pavimento romano, processo acompanhado pelos técnicos do Museu de Lisboa –
Teatro Romano”, destaca ainda o comunicado enviado às redações.