Julho é o período em que acidentes envolvendo cobras se tornam mais
frequentes em virtude do aumento na reprodução do animal. Não bastasse
isso, o segundo semestre já começa com quase 600 casos de pessoas
atacadas nos primeiros seis meses do ano. O alerta de especialistas para
o perigo das cobras também se estende a outros animais peçonhentos.
A Secretaria de Saúde do Ceará afirma que 25% dos acidentes com
serpentes no Estado acontecem entre os meses de julho e setembro, com
base no registro dos últimos 12 anos. Entre janeiro e junho de 2019, no
entanto, foram observados 592 acidentes e um óbito em diferentes regiões
cearenses, informa a Pasta.
Quem trabalha em áreas de mata ou mesmo quem colocou na agenda das
férias a exploração de trilhas, precisa redobrar os cuidados,
principalmente neste mês, de acordo com a nota técnica da Coordenadoria
de Vigilância em Saúde (Covig). Metade das picadas de cobras acontece
nas regiões inferiores do corpo. Em 50% dos ataques, as vítimas têm
entre 20 e 49 anos.
A maior incidência desses acidentes é com serpentes do grupo
Bothrops, conhecidas como jararaca, jararacuçu, urutu, cruzeira e
caissaca, além do grupo Crotalus, que tem como principal representante a
cascavel.
Sobretudo, atividades ao ar livre exigem cuidados, mas há muitos
casos em residências. Glauber é síndico de um prédio no Bairro Manoel
Dias Branco e vem percebendo alguns episódios de aparição de cobras nas
últimas semanas. "Duas delas foram capturadas e levadas para fora do
condomínio. A maior parte ocorreu nas garagens, pois são lugares mais
quentes à noite. Uma cobra parecia ser uma pequena jiboia, as outras
eram coral sem peçonha", destaca.
O síndico conta que, além do período do ano, a proximidade do prédio
com uma lagoa favorece o aparecimento de cobras. "Nosso condomínio tem
muita área verde, com muito sapos, rãs, lesma e outros animais que
atraem as cobras". Conforme Glauber, não houve nenhum incidente com
moradores, funcionários ou animais de estimação.
Casos
Mas não só as cobras representam perigo quando se fala em animais
peçonhentos. Por conta da capacidade de injetar veneno, através de
dentes e aguilhões, animais como escorpião, abelha, aranha e lagarta,
também exigem cuidados. Até 29 de junho deste ano, 4.311 acidentes por
animais peçonhentos foram registrados no Ceará, segundo o monitoramento
da Sesa.
Segundo destaca o biólogo e especialista em serpentes Giuseppe
Puorto, diretor do Museu Biológico do Instituto Butantan, ocorrem
aproximadamente 30 mil acidentes com cobras no Brasil, resultando numa
taxa de letalidade de 0,5%. "São cerca de 150 pessoas que morrem por ano
picadas por serpentes. Isso por vários motivos, entre eles, pela demora
em procurar serviço médico. Às vezes, são pessoas que têm debilidades
físicas como uma baixa imunidade. Pessoas idosas também estão no grupo
de risco", diz.
(Diário do Nordeste)