Dez tipos diferentes de vacina alcançaram os níveis desejáveis de
cobertura no Ceará. Nove ultrapassaram o nível de 100%, em 2018: BCG,
rotavírus, meningocócica, hepatite B, pentavalente, pneumocócica, as
primeiras doses da poliomielite e da tríplice viral e a tríplice
bacteriana. Já neste ano, a meta de 90% de vacinação contra influenza
para grupos prioritários também foi superada.
Os dados são do Programa Nacional de Imunizações (PNI), do Ministério
da Saúde. O sistema mostra que população do Estado vem se vacinando com
maior frequência, passando de 2,29 milhões de doses aplicadas, em 2014,
para 2,42 milhões, no ano passado. Os órgãos de saúde defendem índices
altos para prevenir o retorno de doenças já erradicadas.
Novos casos de sarampo, por exemplo, voltaram a ser notícia no Brasil
no ano passado, embora a última ocorrência do Ceará tenha sido
registrada em julho de 2015, de acordo com a Secretaria Estadual da
Saúde (Sesa). Referência no combate, o Estado ultrapassou a meta de 95%
de vacinação contra a doença, entre 2008 e 2018.
Algumas vacinas ficaram próximas das metas, mas não as venceram, como a
primeira dose da hepatite B para crianças (93%) e hepatite A (92%).
Aquela contra a poliomielite, ameaça grave às crianças, teve cobertura
vacinal reduzida em seu primeiro reforço, aplicado após o primeiro ano
de vida: o índice de 100,6% da população vacinada, em 2014, caiu para
84,7%, no ano passado.
Outras vacinas aplicadas aos 15 meses também exigem atenção. O primeiro
reforço da tríplice bacteriana (contra difteria, tétano e coqueluche),
teve 76% de cobertura; já o da tetraviral (sarampo, caxumba, rubéola e
catapora) teve 85,5%. O Ministério da Saúde lembra que as vacinas estão
disponíveis nos postos durante todo o ano.
Daniele Queiroz, coordenadora de Vigilância em Saúde da Sesa, destaca
que o Ceará é um dos Estados que ainda consegue atingir metas de
cobertura vacinal em campanhas, dentro de um contexto nacional de
dificuldades em ultrapassá-las. No entanto, algumas configurações
sociais exigem novas estratégias para facilitar a regularização vacinal.
“Vemos
uma nova estruturação do contexto familiar em que a mulher já está tão
inserida ou mais que o homem no mercado de trabalho, então dificulta a
ida da mãe ao posto de saúde. Também tivemos um incremento muito grande
no número de vacinas, nos últimos anos; claro que isso é bom, mas acaba
pedindo presença mais constante da família, pelo menos uma vez por mês,
durante o primeiro ano de vida”, ressalta, lembrando que algumas
unidades não têm horários alternativos que as famílias possam buscar.
Adolescentes e outros grupos
A vacinação é operacionalizada pelos municípios cearenses, mas tem
monitoramento da Sesa, que também é responsável pela logística de
distribuição das imunizações. Parcerias técnicas podem ser firmadas
entre as duas esferas para a identificação de pontos críticos na
cobertura. Um dos obstáculos no Estado ainda é a maior presença de
adolescentes nos postos para vacinação contra o papiloma vírus humano
(HPV) e o reforço contra a meningite.
“Naturalmente eles já não vão à unidade básica de saúde. Para esse
público, temos que pensar estratégias diversas, como ir até as escolas.
Os bebês de até um ano conseguimos acompanhar bem, mas depois fica mais
complicado porque não têm mais consultas de puericultura. Quanto aos
idosos, vamos a locais onde eles têm mais acesso, ou às residências dos
acamados. Na realidade, não é fácil para nenhum grupo”, assevera
Daniele.
A previsão do Ministério da Saúde é que, em agosto, ocorra uma campanha
de vacinação com foco no combate ao sarampo, oportunidade que também
chamará atenção para a atualização de caderneta de crianças e
adolescentes.
(G1/CE)