Delegada titular de Cruz, Joseanna Oliveira afirmou em coletiva de
imprensa na tarde desta sexta-feira, 19, que o prefeito afastado de
Uruburetama, José Hilson Paiva, filmava pacientes porque aquilo havia se
tornado um “vício”, um “fetiche”. Ele se apresentou à Polícia nesta
tarde, quando confessou, em interrogatório, ter realizado registros não
autorizados de pacientes ao longo dos 30 anos.
Secretário da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS), André Costa
também afirmou que “vasto material foi apreendido" na clínica do médico
afastado. Segundo a delegada, dispositivos capazes de armazenar fotos e
vídeos de pacientes estão sob o comando da polícia. “Apreendemos fichas
médicas, com histórico de pacientes, alguns CDs, computadores,
pendrives, que precisamos analisar para saber se há arquivos de
pacientes”, explicou.
“Ao longo dos 30 anos que esse médico prestou serviço, ele fez registros
não autorizados dessas pacientes. Inicialmente, segundo ele informou no
interrogatório, os registros eram para se proteger de falsas notícias
de abuso, porque ele havia se tornado prefeito, e tinha medo de que
opositores políticos produzirem alguma denúncia falsa”, narrou Joseanna.
“Mas depois ele disse que isso virou um vício, uma espécie de fetiche,
que não conseguia parar de filmar, e saiu filmando todas as pacientes.
(Filmava) Tudo o que acontecia no consultório, sem o conhecimento da
direção de hospital, sem a ciência de diretores, funcionários. Nem a
esposa dele, acostumada a acompanhar os atendimentos que ele realizava,
tinha ciência”.
Ainda segundo a delegada, o prefeito confessou que teria procurado
tratamento para tentar “curar o fetiche”. “Mas ele disse não conseguia
parar de filmar”, não sabendo se isso acontecia “por problemas mentais
ou de saúde física”. Conforme foi evoluindo a tecnologia, disse
Joseanna, Hilson passou a adquirir novos equipamentos, aperfeiçoando as
imagens. “Virou um fetiche, uma mania que ele não controlava mais”,
explicou.
Hilson afirmou ainda, durante o interrogatório, que após tornar-se
prefeito, não teve mais tempo de clinicar e, portanto, teria deixado de
gravar pacientes. “No entanto, ele manteve as filmagens em um HD, que
guardava dentro da própria residência, que segundo ele, sumiu, não
sabendo de que forma e como isso aconteceu. E que depois de um tempo
começou a serem compartilhados alguns vídeos”, complementou.
O POVO Online