O juiz José Cléber Moura do Nascimento, titular da Comarca de
Uruburetama, acatou o pedido de prisão impetrado pelo Ministério Publico
do Ceará (MPCE) contra o prefeito afastado do município, José Hilson
Paiva. Além da prisão preventiva, a Polícia Civil deve cumprir dois
mandados de busca e apreensão contra dois imóveis do político, um em
Fortaleza e outro em Uruburetama.
Computadores, celulares, tablets, HDs, pen-drives, CDs, DVDs,
prescrições, agendas de consultas e receituários devem ser levados pelos
agentes. Os materiais ficarão armazenados em depósito em Fortaleza, já
que no município onde os supostos crimes ocorreram não teria depósitos
judiciários.
Até o meio-dia desta sexta-feira, 19, nem a família nem a defesa haviam
sido notificados da decisão. "Respeitamos a decisão judicial, mas é
inusitado porque está se decretando a prisão de quem se colocou à
disposição da Justiça e nem sequer teve a oportunidade de prestar
depoimento com relação a delitos que possivelmente já tenham entrado em
decadência do direito", ponderou Leandro Vasques, advogado do prefeito
afastado.
Segundo ele, Hilson Paiva deve se apresentar ainda na tarde desta
sexta-feira às autoridades. "Antes mesmo de sermos oficialmente
notificados, já vou providenciar (a apresentação)", disse Vasques.
Decisão
Na decisão, o juiz recorre ao depoimento de pelo menos duas vítimas. Uma
delas conta que "foi atendida pelo médico Hilson na sua clínica em
Uruburetama pela primeira vez há aproximadamente sete anos. Naquela
ocasião, procurou o ginecologista pois queria muito engravidar, que foi a
primeira que foi ao ginecologista, por isso não tinha conhecimento de
como um ginecologista agia em um exame (...) Que pediu para fazer oral
nele, porém ela disse que não conseguiria. O médico na ocasião disse que
se ela quisesse engravidar teria de fazer os procedimentos
necessários".
A outra vítima não sabe precisar o ano em que se consultou com o médico
pela primeira vez. "O médico lhe disse que ela estava com inflamação e
precisava de umas aplicações. Ele mandou que ela tirasse a roupa e o
médico não ofereceu nenhuma batinha para que ela vestisse, teve que
ficar completamente nua, que o médico mandava ela deitar e ele passava
muito tempo pegando em seus seios, que achava estranho, porém ele era um
médico conhecido e respeitado na cidade". A decisão afirma ainda que os
supostos abusos sexuais foram praticados contra pelo menos 18 vítimas.
Em nota enviada à imprensa, o MPCE informou que se fundamenta no fato de
que, mesmo afastado das funções de prefeito e médico, José Hilson de
Paiva é considerado influente no município e no meio político estadual,
sendo capaz de, diretamente ou por interpostas pessoas, coagir,
constranger, ameaçar, corromper, enfim, praticar atos tendentes a
comprometer a investigação do Ministério Público e da Polícia Civil.
O POVO Online