A Polícia Federal indiciou nesta segunda-feira, 1º, as quatro mulheres
apontadas como candidatas-laranja do PSL nas eleições de 2018. Em
depoimentos ao longo das investigações, todas permaneceram em silêncio. O
indiciamento foi por falsidade ideológica, aplicação irregular de verba
e associação criminosa. O inquérito será agora enviado para o
Ministério Público, para apresentação, ou não, de denúncia.
O esquema foi denunciado pela Folha de S.Paulo. Conforme as
investigações da Polícia Federal, o partido, que à época tinha como
presidente em Minas Gerais o atual ministro do Turismo, Marcelo Álvaro
Antonio, utilizou candidatas em disputas de fachada para acessar
recursos de fundo eleitoral exclusivo para mulheres. As ex-candidatas
indiciadas são Naftali de Oliveira Neres, Débora Gomes da Silveira,
Camila Fernandes Rosa e Lilian Bernardino de Almeida. O total de votos
recebido pelas quatro foi próximo de 2.100.
Na última quinta-feira, 27, a Polícia Federal, também no âmbito das
investigações sobre o esquema, prendeu o assessor especial de Marcelo
Álvaro no ministério, Mateus von Rondon, e dois coordenadores da
campanha do hoje ministro a deputado federal no ano passado, Roberto
Soares, conhecido como Robertinho, e Haissander Souza de Paula. Os dois
trabalhavam, respectivamente, em Ipatinga e Governador Valadares. No
sábado, 29, os três tiveram pedido de prisão negado pela Justiça
Eleitoral em Belo Horizonte.
O ministro do Turismo nega qualquer participação no esquema. A
reportagem entrou em contato com o diretório do PSL em Minas e aguarda
retorno. Nas investigações, ficou comprovado, entre outros pontos, que
uma gráfica utilizada no suposto esquema já não funcionava dois anos
antes das eleições. A Polícia Federal apurou ainda que a empresa
pertencia a um irmão de Roberto Soares.
Segundo a Polícia Federal, a relação custo por voto entre as mulheres
que teriam sido usadas como laranjas no esquema era maior que a
registrada entre candidatos que venceram as eleições. O custo médio
entre os que venceram era de R$ 10 por voto, enquanto o das candidatas
do PSL era de R$ 300.
As penas máximas para os três crimes são de 9 anos e três meses de
prisão. O Ministério Público de Minas Gerais também investiga o suposto
esquema de desvio de recursos do fundo eleitoral.
Estadão Conteúdo