Alvos da Operação Rábula, deflagrada nesta sexta-feira (2), advogados
forjavam documentos e conseguiam testemunhas falsas em um esquema
criminoso para beneficiar membros de facções criminosas no Ceará, com a
ajuda de três servidores do Tribunal de Justiça do Estado. As
informações foram divulgadas no final desta manhã, pelo Ministério
Público do Ceará. O órgão e a Secretaria de Segurança Pública e Defesa
Social do Ceará (SSPDS) estão cumprindo 25 mandados, sendo 10 de busca e
apreensão, oito mandados de prisão preventiva e sete de prisão
temporária.
De acordo com o promotor Rinaldo Janja, coordenador do Grupo de Atuação
Especial de Combate às Organizações Criminosas (Gaeco), o esquema
criminoso incluía a confecção de documentos públicos falsos, como
certidões de antecedentes criminais, e de cartas de empregos para serem
usadas principalmente na Vara de Execução Criminal na tentativa de
conseguir a progressão de regime dos presos.
A Operação Rábula teve início em novembro de 2017. Os investigadores não
detectaram uma facção especifica se beneficiando com o esquema. "São
vários bandidos, vários clientes, várias organizações", afirmou o
promotor. Segundo o Ministério Público, não há participação de juízes ou
promotores, nem foi comprovado o envolvimento de policiais civis nos
crimes. Um mandado de prisão tem como alvo um policial militar.
Além das fraudes nas documentações, os advogados também atuavam tentando
escolher e antecipar as datas das audiências de custódia.
Impunidade e furtos a caixas eletrônicos
O Procurador-geral de Justiça, Plácido Rios, explicou que essa
organização criminosa foi construída para garantir a impunidade dos
criminosos. E em uma segunda etapa foi descoberto outro grupo criminoso
que realizava furtos mediante arrombamentos de caixas eletrônicos. A
quadrilha contava com a participação de advogados, particulares e
criminosos vindos de Santa Catarina para atuarem no Ceará. O policial
militar com mandado de prisão em aberto faz parte deste grupo.
"Esses criminosos estavam sendo monitorados pela Polícia e o Ministério
Público desde 2017. Tinham ramificações envolvidas em outras
organizações do Peru e da Bolívia", disse o procurador.
O material apreendido durante a operação vai ser analisado e os
investigadores vão tentar identificar a participação de outros
suspeitos, os valores das propinas pagas, bem como detalhes de como
funcionava todo o esquema.
Os mandados judiciais foram deferidos pela Vara de Delitos de
Organizações Criminosas da Comarca de Fortaleza e estão sendo cumpridos
com o apoio do Núcleo de Investigação Criminal do MPCE (NUINC), do
Departamento Técnico Operacional da Polícia Civil do Estado do Ceará
(DTO), da Polícia Militar do Estado do Ceará e da Coordenadoria de
Inteligência da Secretaria de Administração Penitenciária (COINT).
Diário do Nordeste