Um dos estudos mais recentes da 
Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme) indica 
que o Ceará possui áreas de 20 municípios com alto risco de incêndios 
florestais. O projeto foi financiado pelo Fundo de Defesa dos Direitos 
Difusos do Estado do Ceará (FDID), tendo sido iniciado em 2017 e 
concluído neste ano.
De acordo com o pesquisador Manuel 
Rodrigues de Freitas Filho, coordenador do projeto e supervisor do 
Núcleo de Estudos Básicos da Funceme, o estudo levou em consideração 
mapeamentos temáticos do estado realizados pela Funceme, tais como: 
cobertura vegetal natural, uso e ocupação da terra, unidades de 
paisagem, pluviometria média anual e índice de vegetação.
“Com uso de técnicas de 
geoprocessamento, estes mapeamentos passaram por um processo de 
integração, resultando no mapa que indica as áreas mais vulneráveis à 
ocorrência de incêndios florestais”, explica Rodrigues.
As áreas com maiores riscos estão 
situadas predominantemente nas regiões do médio Jaguaribe, Inhamuns e 
Centro-Norte do estado. Nestes locais, onde é comum a prática 
agropecuária, a pluviometria média anual varia entre 700 e 800 
milímetros, o que colabora para o índice de vegetação extremamente seco.
“As áreas classificadas com os 
maiores riscos de ocorrência de incêndios florestais no Ceará  são as 
que foram registradas os menores índices de chuva e que, ao mesmo tempo,
 são ocupadas pela vegetação natural de caatinga, a qual tende a ficar 
em uma condição muito seca no decorrer do segundo semestre”, reforça o 
pesquisador da Funceme.
O mapeamento das áreas de riscos de 
incêndios florestais do Ceará é uma importante ferramenta para o 
orientar o estabelecimento de estratégias de prevenção, monitoramento, 
controle de queimadas e combate aos incêndios florestais e, 
principalmente, subsidiar as políticas de autorizações de fogo 
controlado.
Com a redução comum das chuvas no 
segundo semestre, as queimadas costumam atingir níveis máximos. De 
acordo com o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), o período
 entre setembro e outubro registra os picos médios de focos de 
queimadas. Em 2019, já foram registrados 216 focos no Ceará.
No Brasil, o atual ranking negativo é liderado pelos estados do Mato Grosso e Pará com, respectivamente, 11.490 e 5.693 focos.
Segundo o meteorologista da Funceme 
Raul Fritz, as condições secas de solo e de vegetação, as baixas 
umidades relativas do ar, além das temperaturas altas e ventos 
frequentemente mais intensos no segundo semestre do ano costuma 
facilitar o aumento do número de queimadas nesta época.
Neste período, é comum que tais focos
 tomem proporções maiores e evoluam para incêndio. Fritz explica ainda 
que muitas vezes, os incêndios florestais podem ser causados por 
agricultores que começam a preparar a terra para o plantio aguardando a 
chegada das primeiras chuvas da pré-estação, que começa em dezembro.
Crime
De acordo com o Artigo 250 do Código 
Penal, queimar qualquer coisa em ambiente aberto é considerado crime, 
além de causar problemas à saúde e uma poluição absurda. O Código Penal 
nomeia crimes como as queimadas de “crimes contra a incolumidade 
pública” com possibilidade de reclusão de três a seis anos, além de 
multa.
(Funceme) 





