Quando o
jovem de 21 anos chegou ao hospital, ele sofria havia uma semana de
dificuldade para respirar, dores abdominais, tosse, náusea e vômito. Com
base no resultado de radiografias, recebeu inicialmente tratamento para
pneumonia bacteriana.
Mas ele não respondia ao tratamento, e sua condição estava piorando. O
paciente foi então entubado, com insuficiência respiratória. Esse
recurso também não resolveu o problema, e ele precisou ser conectado a
uma espécie de pulmão artificial durante sete dias.
Enquanto isso, os médicos realizavam testes para investigar a
possibilidade de vários tipos de doenças, bactérias e vírus, mas não
conseguiam determinar o que levou um jovem sem nenhum problema de saúde
anterior a esse quadro. A única informação que tinham era que ele fumava
diariamente cigarros eletrônicos com nicotina e THC
(tetra-hidrocanabinol, componente psicoativo da maconha).
Apesar da
gravidade do quadro, o jovem sobreviveu. Seu caso, relatado por médicos
da Universidade de Utah na revista científica "The New England Journal
of Medicine", é um entre mais de 450 casos registrados em 33 Estados
americanos nos últimos meses de uma grave e misteriosa doença pulmonar
ligada ao uso de cigarros eletrônicos. Até agora, foram confirmadas seis
mortes.
Os casos são investigados por especialistas do Centros de Controle e
Prevenção de Doenças, agência de pesquisa em saúde pública ligada ao
Departamento de Saúde (CDC), da Food and Drug Administration (FDA), agência do governo responsável pelo controle de medicamentos) e de departamentos de saúde estaduais.
Mas até agora não se sabe o que exatamente causa essa síndrome
respiratória e se está ligada a um tipo específico de aparelho,
substância ou ingrediente usado em cigarros eletrônicos. Enquanto buscam
respostas, as autoridades dizem que os consumidores devem considerar a
possibilidade de evitar o uso de cigarros eletrônicos.
Na quarta-feira (11), o governo do presidente Donald Trump anunciou que pretende proibir a venda da maioria dos cigarros eletrônicos que contêm sabor, em meio ao aumento do consumo entre adolescentes. A medida não afetaria produtos que não têm adição de sabor.
No Brasil, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) estuda a
liberação da venda de cigarros eletrônicos, que é proibida desde 2009.
O primeiro relato da doença misteriosa surgiu em abril, no Estado de
Illinois. Logo, médicos de todo o país começaram a descrever pacientes
com sintomas semelhantes, que incluem dificuldade de respirar, fadiga,
tosse, febre alta, náusea e vômito.
Segundo a médica Jennifer Layden, epidemiologista-chefe do Departamento
de Saúde Pública de Illinois que analisou 53 casos registrados em seu
Estado e em Wisconsin, a maioria dos pacientes era jovem, com idade
média de 19 anos, e não apresentava outros problemas de saúde. Quase
todos necessitaram de hospitalização, mais da metade em unidades de
terapia intensiva.
"Todos os pacientes tinham histórico de uso de cigarros eletrônicos e
produtos relacionados no período de 90 dias antes do surgimento dos
sintomas", disse Layden em artigo na revista científica "The New England
Journal of Medicine".
(G1)