A cada dia, em média quatro pessoas são vítimas de estupro no Ceará. A
estatística é de 2018, quando 1.790 casos foram reportados às forças de
segurança, o equivalente a 149 registros mensais. Os números de
violência sexual anotados nos 12 meses do ano passado constam na 13ª
edição do Anuário Brasileiro de Segurança Pública, divulgada nesta
terça-feira (10).
Com o total de ocorrências, o estado aparece em 3º lugar no Nordeste,
permanecendo na mesma posição obtida em 2017. Nos dois primeiros lugares
figuram Bahia (3.121) e Pernambuco (2.522), respectivamente. Já na
comparação em nível nacional, o Ceará passou de 10º no ano retrasado
para 13º estado com maior número de estupros, em 2018.
Mulheres
Quando analisados por gênero, os dados mostram que 85% das vítimas eram
mulheres. Em números absolutos, dos 1.790 crimes sexuais anotados, 1.525
atingiram pessoas do sexo feminino. Nesse recorte, o Ceará ocupa o 12º
lugar no Brasil, mas o índice negativo no Nordeste se repete.
No ano passado, o Ceará registrou 35 casos a mais que em 2017. De
janeiro a dezembro de 2018, foram 253 tentativas de estupro. O Anuário
não detalha o perfil das vítimas e dos suspeitos de praticarem o crime
no Estado, mas aponta que, em nível nacional, 75,9% dos casos são
cometidos por pessoas conhecidas e em 96,3% os autores são homens.
Causa
Para a professora do curso de Políticas Públicas e membro-fundadora do
Núcleo de Atendimento Humanizado às Mulheres Vítimas de Violência nos
Campi da Universidade Estadual do Ceará (Uece), Socorro Osterne, o
agravamento é reflexo da permanência “do suposto pensamento de
superioridade masculina”.
“De modo geral, os homens continuam se sentindo autorizados a esse tipo
de abuso. Uma das formas de evidenciar essas ocorrências é expor os
casos. Eles precisam ser expostos de modo a gerar discussões para
mostrar a realidade. No atual cenário, nas políticas públicas há uma
redução das ações de encorajamento para que as mulheres denunciem”,
ressalta a professora.
O POVO