A Polícia Federal (PF) deflagrou,
na manhã desta terça-feira (10/9), a 65ª fase da Lava Jato. Apelidada de Galeria,
a operação cumpre 11 mandados de busca e apreensão e 1 de prisão preventiva
relacionados ao pagamento de propina na construção de Belo Monte e a
Transpetro, subsidiária da Petrobras.
Na ação, Márcio Lobão, filho do
ex-senador e ex-ministro Edison Lobão, foi preso. Ele foi detido por volta das
7h no Rio de Janeiro. Esta fase da Lava-Jato ocorre em parceria com o
Ministério Público Federal (MPF). Além do Rio, as equipes policiais também
cumprem mandados em Brasília. A intenção é aprender documentos e arquivos de
informática que ajudem no aprofundamento das investigações.
De acordo com o MPF, as buscas
objetivam aprofundar investigações de crimes de lavagem de dinheiro e corrupção
em obras da Transpetro e Belo Monte. As investigações apontam que, ao menos
entre 2008 e 2014, Edison Lobão e Márcio Lobão solicitaram e receberam R$ 50
milhões propinas dos Grupos Estre e Odebrecht.
A operação também investiga
benefícios em mais de 40 contratos, cujo valor chega a cerca de R$ 1 bilhão,
celebrados pelas empresas Estre Ambiental, Pollydutos Montagem e Construção,
Consórcio NM Dutos e Estaleiro Rio Tietê.
Os investigadores apontam que, em ambos esquemas, há provas que as
propinas foram entregues em espécie em escritório advocatício ligado à família
Lobão, localizado no Rio de Janeiro.
Busca em Brasília é realizada em
enderenço no Sig (foto: Ed Alves/CB/D.A Press)
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Edison Lobão terminou o mandato
de senador em 31 de janeiro. Antes, ele foi ministro de Minas e Energia do
Brasil, entre 21 de janeiro de 2008 e 31 de março de 2010, no governo dos
ex-presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff, ambos do PT.
Lavagem de dinheiro
Nas lavagens de dinheiro
cometidas por Márcio Lobão, diz o MPF, houve aquisição e venda de obras de arte
com valores sobrevalorizados, simulação de operações de venda de imóvel e de
empréstimo com familiar, interposição de terceiros em operações de compra e
venda de obras de arte e movimentação de valores milionários em contas abertas
em nome de empresas offshore no exterior. Aumentando o seu patrimônio em R$ 30
milhões.
“Por isso, também são alvo dos
mandados de busca e apreensão endereços de galeria de arte e de agentes
financeiros que atuavam perante bancos, a exemplo do Julius Bär, gerindo contas
de Márcio Lobão no exterior”, diz o MPF.
“As fortes evidências do
envolvimento de Márcio Lobão, por longo período, em diversas operações de
lavagem de capitais e em crimes de corrupção relacionados a diferentes obras
públicas e grupos empresariais, bem como os indicativos de que permanece, ainda
em 2019, praticando atos de lavagem de dinheiro, motivaram a decretação da
prisão preventiva”, prossegue.
Na nota, o procurador da
República e coordenador da Lava-Jato, Deltan Dallagnol, diz que "a
Lava-Jato continua rompendo a aura de intocabilidade de poderosos. A equipe
segue unida e, enquanto for possível, prosseguirá seu trabalho", afirma.