Mãe de travesti cearense morta em SP diz que filha viajou para trabalhar, juntar dinheiro e reformar a casa da família

Emanuele foi morta a facadas em São Paulo. Parentes e amigos realizaram campanha e custearam o translado do corpo para Fortaleza. "Levaram a vida do meu filho, só tenho a lamentar", diz mãe





O corpo da travesti cearense Emanuele, que foi morta a golpes de faca em São Paulo, foi velado nesta sexta-feira, 20, no bairro Álvaro Weyne, em Fortaleza. Dona Maria Luciene, mãe da vítima, contou que a filha viajou à São Paulo na tentativa de trabalhar, juntar dinheiro e reformar a casa da mãe, que fica no mesmo bairro que ocorreu o velório.


A cearense foi assassinada em Santo André (SP), na última quarta-feira, 18. A mãe da travesti relatou que a filha morreu a caminho do hospital e que foi avisada da notícia por amigas da vítima. Um caminhoneiro foi preso suspeito do crime. Ele alega legítima defesa e acusa Emanuele de ter tentado roubá-lo. Dona Luciene pede Justiça e quer que o crime seja esclarecido.


Emanuele tinha 25 anos e morava há três em São Paulo. Ela saiu de Fortaleza para morar na casa de uma amiga. A mãe relata que o objetivo da filha era trabalhar e juntar dinheiro. "Ele sempre mandava notícias. Se comunicava dizendo que estava bem. O salão era aberto aqui e ele foi para São Paulo mudar de vida, mas o sonho não foi como ele queria", lamenta.


A travesti era proprietária de um salão de beleza em Fortaleza e fechou o estabelecimento comercial para trabalhar e economizar dinheiro. A ideia era fazer uma reforma para aumentar o salão e a casa da mãe. Em Fortaleza, dona Luciene diz que Emanuele era querida por todos. "Nasceu e se criou em Fortaleza. Eu nem queria que ele fosse para São Paulo. Ele dizia: 'Mãe, vou ter um sonho lá. Se eu não abrir meu salão lá, eu venho com uma boa quantia'. O foco dele era cabelo, ele tinha essa paixão de trabalhar como cabeleireiro, mas infelizmente isso aconteceu. Levaram a vida do meu filho, só tenho a lamentar".


A família de Emanuele e amigos se reuniram para juntar o dinheiro e pagar o translado do corpo de São Paulo a Fortaleza, que custou R$ 5.150. "Meu filho era tão querido que tem gente olhando ele toda hora. Muito querido pelos amigos. A dor está sendo grande", lamenta.

O sepultamento ocorre neste sábado, 21, no cemitério São João Batista, no Centro de Fortaleza.
Segunda cearense morta em São Paulo em menos de cinco meses 
Jéssika Sisnando,


 O Povo

Postagens mais visitadas do mês