O julgamento do pedido de habeas corpus do médico e prefeito afastado de
Uruburetama, José Hilson Paiva, foi adiado mais uma vez nesta
terça-feira (3). O pedido de liberdade começou a ser apreciado pela 3ª
Câmara Criminal do Tribunal de Justiça do Ceará (TJ-CE) nesta manhã.
Contudo, o pedido de vistas da desembargadora Marlucia de Araújo Bezerra
encerrou a sessão. Ainda não há prazo para o caso ser retomado
José Wilson Paiva é acusado de estuprar e filmar pacientes durante
consultas ginecológicas. A sessão desta terça foi presidida pelo
desembargador Francisco Lincoln Araújo e Silva, relator do caso e
presidente da 3ª Câmara Criminal.
A defesa de Hilson aponta a falta de contemporaneidade do caso, alegando
que após seis meses desde a última denúncia houve prescrição. O
advogado também afirma que a apresentação espontânea dele à polícia é
razão para justificar o pedido de liberdade.
Após a sustentação oral da defesa, o desembargador relator apresentou um
parecer favorável à soltura do médico. Antes do voto dos outros
magistrados, entretanto, houve o pedido de vistas e a sessão foi
encerrada.
O julgamento do habeas corpos já havia sido adiado anteriormente no dia 26 de agosto e foi remarcado para esta terça-feira.
A prisão de José Hilson foi decretada pela Justiça por considerar a
medida necessária para preservar as provas. Ele está preso desde o dia
19 de julho de 2019 na Unidade Prisional Irmã Lima Pontes, em Aquiraz,
Região Metropolitana de Fortaleza.
Denúncia
Uma reportagem exibida pelo programa Fantástico no dia 14 de julho de
2019, denunciou o médico. A Rede Globo teve acesso a 63 vídeos gravados
entre 2009 e 2012 pelo próprio José Hilson, que mostram mulheres sendo
vítimas de abuso sexual durante consultas ginecológicas de rotina. Ao
menos de 23 mulheres tiveram suas partes íntimas registradas em
fotografias pelo médico.
O Ministério Público do Ceará (MPCE) ofereceu à Justiça, no início do
mês de agosto de 2019, a primeira denúncia contra José Hilson de Paiva.
Ele é acusado pelo crime de estupro de vulnerável. Segundo registros, há
denuncias contra Hilson desde a década de 1980 na cidade de Cruz,
interior do Ceará.
A Associação Médica Brasileira chegou a analisar as imagens filmadas
pelo médico e afirmaram que se trata "claramente de estupro de
pacientes." O Conselho Regional de Medicina do Estado do Ceará (Cremec)
decidiu suspender a licença médica de Hilson por seis meses. José Hilson
foi expulso do partido político em que era filiado e afastado da
prefeitura de Uruburetama.
Segundo informações da Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social
(SSPDS) quando preso, ele alegou em depoimento à polícia que os crimes
cometidos se tornaram um "vício".
UOL