As mulheres que denunciaram o prefeito afastado de Uruburetama, no
interior do Ceará, José Hilson de Paiva, por abuso sexual, estão sendo
alvo de perseguição e discriminação na cidade, segundo o Ministério
Público do Ceará.
“Em Uruburetama, por exemplo, elas não conseguem atendimento na rede
municipal de Saúde, e a cidade ainda tornou-se palco de disputas
políticas. Essas mulheres estão fragilizadas e precisando de apoio e de
atendimento médico em diversas especialidades, principalmente
psicológico e psiquiátrico”, explica a promotora de Justiça Joseana
França, que coordena o Núcleo de Atendimento às Vítimas de Violência
(Nuavv).
A declaração foi dada em reunião, na última sexta-feira (6), entre
representantes do MPCE e a vice-governadora Izolda Cela. Durante a
reunião, a vice-governadora declarou que tomará providências para
viabilizar acesso das vítimas aos profissionais de saúde, seja por meio
de encaminhamento à Policlínica mais próxima ou com o deslocamento de
uma equipe médica multidisciplinar às duas cidades.
Também participaram do encontro, o procurador-geral de Justiça Plácido
Rios e os promotores de Justiça Humberto Ibiapina, coordenador do Núcleo
de Investigação Criminal (Nuinc) e Francisco Gomes Câmara, integrante
do Núcleo; e a promotora de Justiça Ana Cláudia de Oliveira, integrante
do Núcleo Estadual de Gênero Pró-Mulher (Nuprom).
O caso
Afastado do cargo de prefeito de Uruburetama e expulso de seu partido, o
PCdoB, o médico José Hilson de Paiva, de 70 anos, é acusado de abusar
sexualmente de pacientes durante atendimento no hospital municipal e
numa clínica particular da cidade e também no município de Cruz, a 150
km de distância. Médico clínico-geral, ele atuava também como
ginecologista mesmo sem a especialidade. O suspeito é alvo de denúncias
há pelo menos três décadas, desde 1986.
Tribuna do Ceará