Quase três anos após o acidente que deixou 71
mortos e seis feridos, as famílias das vítimas contam que ainda buscam
indenizações das seguradoras. Elas receberam, à época do acidente, o
seguro da CBF e da Chapecoense. Trata-se de um seguro obrigatório
previsto pela Lei Pelé para todos os clubes de futebol. O valor equivale
a 12 vezes a remuneração do atleta. Por se tratar de morte não natural,
o seguro prevê o dobro do valor. A indenização se baseia na remuneração
expressa na carteira de trabalho, sem levar em consideração os direitos
de imagem.
Neto, familiares e advogados organizarão um protesto, na
segunda-feira (30), em frente à sede da corretora de seguro
multinacional Aon, em Londres, na Inglaterra, e também da seguradora
Tokyo Marine. Outra empresa citada é a Bisa, com sede na Bolívia. O
grupo alega que elas são responsáveis pelas apólices. Os organizadores
do protesto afirmam que o valor devido por Aon, Tokio Marine e Bisa
varia entre US$ 4 milhões e US$ 5 milhões para cada família (entre R$
16,6 milhões e R$ 20,9 milhões).
Tokio Marine e Bisa criaram um fundo humanitário para repassar
dinheiro às famílias das vítimas. A oferta é de US$ 225 mil (cerca de R$
940 mil em valores atuais) para cada família. Em troca, elas teriam de
desistir de ações na Justiça. Até agora, 23 das 77 famílias assinaram o
acordo e já receberam o dinheiro prometido.
O seguro da aeronave era de US$ 25 milhões (cerca de R$ 104 milhões),
na época do acidente, mas os advogados das famílias contestam esse
valor. Eles dizem que, até 2015, a apólice era de US$ 300 milhões (R$
1,24 bilhão) e, a partir de 2016, mesmo com o risco ampliado por passar a
transportar atletas de clubes de futebol, a apólice caiu de valor.
Menos de um mês antes da tragédia, a mesma aeronave transportou a
seleção da Argentina, com Lionel Messi.
Marcel Camilo, advogado de Neto e de parte das viúvas, apontou o
descaso dos governos da Colômbia e da Bolívia. "O que o governo da
Bolívia já fez, a não ser menosprezar aqueles que o procuraram? Cadê o
seguro? A gente não vê um centavo!", questionou.
Algumas famílias ingressaram com uma ação judicial contra o governo
da Colômbia. Elas cobram a responsabilidade da Aerocivil Colômbia -
equivalente à Anac no Brasil -, empresa responsável pelo controle aéreo
no país. Também há processos correndo nos Estados Unidos, Brasil e
Bolívia.
A Aon respondeu que não é a seguradora das famílias dos atletas da
Chapecoense. A Tokyo Marine avalia que a cobrança que está sendo feita é
indevida. Já a Bisa não respondeu às tentativas de contato.
(Diário do Nordeste)