Para os investigadores do latrocínio
de pároco, acusados receberam informações privilegiadas sobre a rotina da
vítima e o que havia de valor no cofre arrombado durante o crime. Ação conjunta
entre a Polícia Civil do DF e de Goiás prende terceiro envolvido
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Alessandro de Anchieta Silva, Daniel
Souza da Cruz e Antônio Willyan Almeida Santos(foto: Sarah Peres/CB/D.A Press)
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Nesta quarta-feira (25/9), Daniel
Souza da Cruz, 39 anos, foi detido durante uma operação conjunta da Polícia
Civil de Goiás e do Distrito Federal. Ele estava escondido na residência de uma
tia, no município goiano do Novo Gama. Alessandro de Anchieta Silva, 18, e
Antônio Willyan Almeida Santos, 32, estão presos desde terça-feira. O último
envolvido, um adolescente, ainda é procurado. A Delegacia da Criança e do
Adolescente 1 (Asa Norte) auxiliará nas buscas.
Segundo o delegado-chefe da 2ª
DP, delegado Laércio Rossetto, as informações dadas por Daniel em depoimento
apontam Antônio como mentor do crime. “Ele teria recebido as informações
privilegiadas sobre a rotina do padre e ofereceu R$ 5 mil para cada
participante da ação. O grupo escolheu cometer o assalto no sábado, por ser um
dia com menos movimento na paróquia, mas com arrecadação boa em dinheiro de
dízimos e ofertas”, explicou. Antônio foi o único a se recusar a dar
declarações à Polícia Civil. “Está exercendo o direito de ficar calado. Mas
isso não atrapalha as investigações”, disse Rossetto.
A partir do relato, a polícia
concluiu que os bandidos tinham a intenção de furtar os objetos da casa durante
a missa; por isso, chegaram no local por volta das 17h. “Eles não queriam ser
interrompidos e começaram o trabalho de arrombamento da porta. Isso está
constatado pela perícia”, revelou o delegado. Como não conseguiram, aguardaram
e renderam o caseiro José Gonzaga da Costa, 39, primeira pessoa a chegar ao
canteiro de obras.
Após finalizar a missa, o padre,
ainda de batina, foi rendido e resistiu, segundo relato de Daniel. Alessandro
era quem estava com a arma de fogo e que teria enrolado o arame liso no pescoço
da vítima. “O sacerdote e o funcionário da igreja foram mantidos juntos, em pé,
na obra em frente à casa. Alessandro ficou de guarda das vítimas, assim como o
quarto envolvido (adolescente). Eles também foram responsáveis por avaliar
objetos de valor no local que pudessem ser roubados”, detalhou Rossetto.
Ainda de acordo com o depoimento,
Casemiro teria demonstrado resistência passiva, dizendo aos envolvidos que eles
não precisavam agir com violência. Esse pedido teria irritado Alessandro. “Em
um momento, o padre caiu em cima do Alessandro (desequilibrou-se), que começou
a apertar o arame no pescoço da vítima até que ela ficasse inconsciente.
Contudo, a hipótese de que o pároco foi morto para não reconhecer o grupo
continua”, frisou. Para conseguir determinar com precisão o roubo na
residência, os policiais esperam análises periciais em dois HDs de câmeras de
segurança da residência.
Apreensões
Do cofre, o quarteto levou
dinheiro, moedas de ouro, relógios de luxo, além de cheques. Não foi possível,
ainda, quantificar o valor roubado. Antes de deixarem o local, os criminosos
mexeram na geladeira e fizeram um lanche. “As mochilas saíram lotadas de coisas.
Só não levaram as obras de arte porque eram grandes”, completou Rossetto.
Imagens de câmeras de segurança
mostram a fuga dos envolvidos. Os homens aparecem com mochilas, e um deles
aparenta carregar um notebook nas mãos — dois aparelhos eletrônicos foram
apreendidos pela polícia na terça-feira. Todos fugiram a pé e seguiram caminhos
diferentes até pegar um ônibus para Valparaíso (GO). Um Opala usado pelos
criminosos no trajeto entre Valparaíso e Santa Maria, antes do crime, foi
apreendido na tarde desta quarta-feira (25/9) e passa por perícia — o veículo
pertence a Antônio. O revólver usado pelos bandidos ainda não foi encontrado.
Crueldade
O líder religioso foi morto nosábado depois de uma missa. O quarteto rendeu o sacerdote no canteiro de obras onde
são construídos um auditório e salas para a igreja. Os criminosos permaneceram
no local por aproximadamente três horas. O laudo cadavérico confirmou que o
religioso polonês morreu por asfixia. Além do pároco, um dos caseiros, José
Gonzaga, também foi rendido.