Os mais de 5 milhões de estudantes que farão o Exame Nacional do Ensino
Médio (Enem) domingo (3) e dia 10 poderão usar as notas que obtiverem
para acessar o ensino superior dentro e fora do país. As oportunidades
são muitas e uma das principais condições para participar dos processos
seletivos é não zerar a redação.
Todas as universidades federais do país usam o Enem de alguma forma,
seja como processo seletivo único, seja como uma das formas de admissão.
Para ingressar em instituições públicas federais, estaduais e
municipais, o Sistema de Seleção Unificada (Sisu), que ocorre duas vezes
por ano, é uma das principais formas de acesso.
Na primeira edição deste ano foram ofertadas mais de 235 mil vagas
distribuídas em 129 universidades públicas de todo o país. Na segunda
edição, foram mais de 59 mil vagas em 76 instituições públicas de
ensino.
Algumas instituições usam a nota do Enem em processos próprios. Em 2020,
a Universidade de Brasília (UnB), por exemplo, deixará de usar o Sisu,
mas os estudantes continuarão podendo usar o exame como forma de
ingresso.
As instituições particulares também admitem estudantes com base na nota
do Enem, seja por meio de programas do governo federal, seja por
processos próprios. O Programa Universidade para Todos (ProUni) oferece
bolsas de estudos nessas instituições. Neste ano, foram ofertadas, no
primeiro semestre, cerca de 244 mil bolsas de estudo em 1,2 mil
instituições particulares de ensino. No segundo semestre, o total de
bolsas foi 169 mil, em 1,1 mil instituições em todo o país.
Também com base nas notas do Enem é possível concorrer a financiamentos
pelo Fundo de Financiamento Estudantil (Fies). Neste ano, foram
ofertadas 100 mil vagas na modalidade juro zero.
Fora do país, o Enem também pode ser usado para admissão em
universidades. Em Portugal, o exame é aceito como forma de ingresso em
42 instituições de ensino.
Vantagens do Enem
O Enem, que era usado para avaliar os estudantes do ensino médio,
começou em 2009 a servir para o ingresso no ensino superior, ganhando
uma roupagem de vestibular. A mudança trouxe vantagens, de acordo com
especialistas. Não é mais necessário pagar várias taxas de vestibular e
viajar o país para ter acesso a instituições de ensino superior.
“Antes, quando havia várias provas, elas eram muito diferentes. Até hoje
faço gabarito das provas e digo, com toda certeza, que meus alunos do
Rio de Janeiro, de antigamente, não tinham condições de enfrentar uma
prova como a da UnB, por exemplo”, diz o coordenador pedagógico do
ProEnem, plataforma online de preparação para o exame, Diego Viug.
“Democratizou muito o acesso ao ensino superior”, acrescenta.
O Enem pode, no entanto, ser aprimorado, de acordo com Marcelo Lima,
vice-presidente de relações institucionais da Quero Educação, plataforma
que desenvolve soluções para ajudar escolas a captarem e a manterem os
alunos, Uma das mudanças é a aplicação mais de uma vez por ano. “Se
aluno perde a data do Enem, não consegue mais fazer o exame no ano. Isso
restringe o ingresso na faculdade”, diz.
Ele defende ainda que outros elementos sejam considerados na seleção
para o ensino superior. “O ideal seria fazer várias provas ao longo do
ensino médio, [fazer], análise de nota, análise da vida do estudante,
[se participou de] voluntariado, [avaliar] habilidades socioemocionais. O
que define é a vida ao longo do ensino médio e não uma única prova”,
diz.
Mudanças
Esta é a última edição do Enem inteiramente de papel. A partir do ano
que vem, a prova começa a ser aplicada, ainda em versão teste,
digitalmente. Até 2026, as provas deverão ser todas feitas pelo
computador. Com isso, a intenção é que o exame seja aplicado mais de uma
vez por ano.
O exame também deverá ser reformulado para atender ao novo ensino médio,
que ainda está em fase de implementação. Pelo novo modelo, os
estudantes terão uma formação comum, definida pela Base Nacional Comum
Curricular, e poderão, no restante da formação, escolher uma
especialização por itinerários formativos. Os itinerários são:
linguagens, matemática, ciências da natureza, ciências humanas e ensino
técnico.
A intenção é que, quando o modelo estiver em prática, o que deverá
ocorrer em 2021, o Enem também se adeque, passando a oferecer várias
opções de prova para cada itinerário escolhido pelo estudante, além de
avaliar a parte comum.
UOL