Duas
semanas após prefeita da capital da França receber Dilma, cidade concede
honraria reservada a defensores dos direitos humanos, já dada ao cacique Raoni
O Conseul
de Paris, o equivalente à Câmara dos Vereadores da capital da França, divulgou
nesta quinta-feira (03) que concedeu ao ex-presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva (PT)
o título de Cidadão Honorário de Paris.
Em comunicado divulgado à imprensa,
o órgão afirma que o petista – preso desde abril de 2018 depois de ter sido
condenado por corrupção e lavagem de dinheiro – recebe a honraria por sua
ligação com a defesa dos direitos humanos.
“O
engajamento do presidente Lula por seu trabalho com a redução das desigualdades
sociais e econômicas no Brasil permitiu que 30 milhões de brasileiros saíssem
da extrema pobreza e tivessem acesso a serviços sociais essenciais”, diz trecho
do documento.
Além
disso, o comunicado também afirma que o petista foi impedido de concorrer às
eleições do ano passado, mesmo sendo o “favorito ao pleito”.
O Consul
de Paris relembra que o Comitê de Direitos Humanos da Organização das Nações
Unidas (ONU), chefes de estado de países da Europa, parlamentares franceses e
juristas internacionais denunciaram “inconsistências das evidências trazidas
pela promotoria para a prisão de Lula”.
O órgão
cita as revelações que vieram à tona com a Vaza Jato, série de reportagens
publicada desde junho pelo site The Intercept Brasil. “O jornal investigativo
revelou que o juiz autor de sua condenação teria concordado com investigadores
da Lava Jato para impedir a candidatura” do ex-presidente.
Faz,
ainda, uma
citação à tentativa do juiz Rogério Favreto, em julho de 2018, que
determinou, durante seu plantão, a soltura de Lula. No dia seguinte, no
entanto, a decisão foi derrubada pelo desembargador federal João Pedro Gebran Neto, à época
relator da Lava Jato no TRF-4.
O Consul
de Paris é presidido pela prefeitura de Paris, atualmente liderada por Anne
Hidalgo, do Partido Socialista, que recebeu a ex-presidente
Dilma Rousseff, na sede da prefeitura parisiense, há duas semanas.
Lula é o
segundo brasileiro a ser contemplado com o título, ao lado do líder kayapó,
Raoni Metuktire, alvo de críticas do presidente Jair Bolsonaro nas últimas
semanas. Já foram contemplados nomes como Nelson Mandela e o jornal Charlie
Hebdo — alvo de um ataque terrorista em 2015.
Clara Cerioni,
Exame