A violência no Estado do Ceará foi destaque no primeiro relatório
"Retratos da Violência" da Rede de Observatórios da Segurança. A
pesquisa apontou que, de junho a outubro de 2019, aconteceram 129
ataques de grupos criminosos nos estados do Ceará, Bahia, Pernambuco,
Rio de Janeiro e São Paulo. 84% destas ofensivas protagonizadas,
principalmente pelas facções, aconteceram no Ceará.
Ou seja, em menos de um semestre, o Ceará contabilizou 108 ataques
criminosos. O período analisado incluiu um dos meses mais problemáticos
para a Segurança Pública do Estado. Em setembro, aconteceu uma sequência
de ofensivas no Ceará, principalmente na Capital. Em quase duas
semanas, criminosos foram responsáveis por aproximadamente 100 ataques.
A sequência de terror presenciada pelos cearenses teria sido motivada
pelas prisões de lideranças da facção Guardiões do Estado (GDE). Para
cessar as empreitadas, dezenas de presos precisaram ser transferidos
para unidades prisionais de segurança máxima.
A pesquisadora do Laboratório de Estudos da Violência (LEV) do Ceará e
da Rede de Observatórios de Segurança, Ana Letícia Lins, destaca que o
mês de setembro foi o segundo período de mais ataques no Ceará. Janeiro
de 2019 teve ainda mais ocorrências: "Vivemos uma segunda temporada de
ataques no Estado. Mas eles foram substancialmente diferentes dos de
janeiro. Em setembro, um grupo isolado agiu de forma solitária. Só em 11
dias, foram 107 ocorrências", disse. Também do LEV e responsável por
participar do relatório, o sociólogo César Barreira pontuou o fenômeno
indicando que a cada sequência de ataques, o quantitativo de homicídios
no Ceará reduziu. Para Barreira, o fato de o Estado ter sido disparado
com mais ataques, mostra o modus operandi desastroso de uma facção
local.
"Não é só a questão de a facção estar ampliando seu espaço. É a natureza
das facções. Nós temos uma facção local de características muito
específicas. A GDE não só é mais jovem do que as outras, mas também não
tem uma hierarquia consolidada. Então, a violência difusa se torna
predominante", disse o sociólogo.
O POVO