Com o objetivo de encontrar irregularidades na
medição elétrica, a Enel Distribuição Ceará realizou uma operação ontem
(21), em residências e comércios da Regional II e do Interior, e prendeu
duas pessoas. Elas entram na lista dos 64 suspeitos de praticar o crime
detidos pela Polícia Militar. De janeiro a outubro de 2019, a empresa
identificou mais de 15 mil ligações irregulares na rede elétrica do
Estado, 25% a mais do que igual período do ano passado, que acumulou 12
mil irregularidades. Em prisões, 2018 registrou 65 casos.
A ação contou com a participação da Polícia Civil e Militar e 10
equipes da concessionária. Duas pessoas foram presas em Mauriti, no Sul
do Estado. No mês de fevereiro, um dono de hotel na localidade de
Cumbuco, em Caucaia, foi preso em flagrante suspeito de furtar energia.
Já no Centro de Fortaleza, seis comerciantes foram flagrados
praticando irregularidades. O objetivo da operação, segundo a Enel, é
eliminar possíveis irregularidades na medição, que prejudicam a
qualidade do fornecimento de energia elétrica e também geram riscos para
a população.
Conforme o gerente de manutenção da distribuidora, Francisco Queiroz,
as alterações na rede podem ocasionar incêndios internos e externos e
outros acidentes, além de danificar aparelhos elétricos. "A pessoa que
furta energia altera as condições da rede elétrica inteira, o que é
muito prejudicial, já que prejudica, principalmente, a qualidade do
sistema do vizinho, embora não interfira na tarifa", afirma o
especialista. As áreas com maiores registros de prisões são Fortaleza
(15), Itaitinga (12), Ipu (4), Parambu (3), Quiterianópolis (3), e Nova
Russas (3).
Na Capital, os bairros com maior quantidade de incidências de fraudes
são: Barra do Ceará, Álvaro Weyne, Carlito Pamplona, Monte Castelo e
Parque Iracema. A escolha pela operação na Regional II é pela
identificação de consumos mais elevados na região, de acordo com
Francisco Queiroz. O trabalho de investigação é feito através de análise
de dados e, em campo, por cerca de 200 equipes.
Consumo
A média de consumo de residências no Ceará é entre 80 a 130 kWh.
Contudo, conforme o gerente de manutenção da distribuidora, a pessoa que
furta energia utiliza em média 400 kWh. "Ela consome muito acima da
média, muito mais do que precisa. Ele contraria todo o interesse
público, não conserva energia", afirma. O total furtado neste ano,
segundo Francisco Queiroz, poderia abastecer todas as residências dos
municípios de Beberibe e Itaitinga.
Há muitas maneiras de furtar energia, como alterar o medidor e puxar
ligação direta da rua. "O consumo irregular tem influência muito
negativa da segurança das ruas", ressalta o gerente de manutenção. A
pena prevista para ação é de um a oito anos de reclusão. Além dos
operativos, a companhia realiza diversos projetos sociais em
comunidades, com informações sobre o uso eficiente de energia elétrica e
programas para geração de emprego e renda.
(Diário do Nordeste)