O encontro entre líderes dos países que formam os Brics - Brasil,
Rússia, Índia, China e África do Sul - na 11ª reunião de cúpula hoje e
amanhã, em Brasília, pode ser decisivo para promover a expansão das
relações comerciais entre o Ceará e os países do bloco. Além dos chefes
de Estado, as comitivas estrangeiras devem contar com ministros,
empresários e outras autoridades - são esperados cerca de 200
representantes dos demais países.
"A cooperação dos Brics é extremamente importante porque tem influência
sobre várias áreas de atuação, inclusive de financiamento com
investidores. No comércio exterior, o Ceará poderia ter mais atuação
(com esses países)", destaca Karina Frota, gerente do Centro
Internacional de Negócios (CIN) da Federação das Indústrias do Estado do
Ceará (Fiec). "O bloco beneficia as relações internacionais porque tem
chefes de Estado que negociam com mais frequência. E essas reuniões
podem dar um salto mais expressivo nas operações comerciais. O Governo
atual deseja abrir uma política externa no sistema internacional".
Na avaliação de Karina, a falta de uma relação comercial mais forte
entre o Estado e os outros países que formam os Brics, principalmente
com a África do Sul e com a Rússia, se dá porque o principal foco do
grupo é negociar investimentos em áreas de saúde, infraestrutura e
tecnologia.
"Dos quatro, a gente tem mais relevância com a China (exportando
produtos siderúrgicos, peixes e calçados), mesmo que ela seja um mercado
em expansão. Mas nós temos condições de fracionar essas operações
comerciais, seja de importação ou exportação para os demais", diz.
Balança comercial
Conforme dados do Comex Stat (plataforma de dados sobre importações e
exportações brasileiras do Ministério da Economia), de janeiro a outubro
deste ano, a balança comercial do Ceará com os países dos Brics acumula
um déficit de US$ 292 milhões, resultado da importação de R$ 341, 2
milhões e exportação de R$ 49 milhões no período.
Entre os Brics, a China é o principal destino das exportações do Estado -
entre janeiro e outubro, foram exportados US$ 36,5 milhões em produtos
como ceras vegetais, lagostas congeladas e minérios de manganês.
Contudo, o país é também a segunda maior fonte de importação do Ceará,
atrás apenas dos Estados Unidos. No período, a indústria cearense
importou US$ 341 milhões em produtos chineses.
Já a Rússia vendeu US$ 71,3 milhões de produtos ao Ceará nesse
intervalo, principalmente de insumos para a Siderúrgica. Os cearenses
exportaram US$ 2,4 milhões ao país, entre os quais itens como calçados
de borracha e granito.
Da Índia, por sua vez, foram importados US$ 61,1 milhões em produtos no
período, a maioria de insumos para a indústria. Já o Estado somou apenas
US$ 5,4 milhões de itens comercializados ao país, entre os quais ceras
vegetais e teares para tecidos.
O menor volume de negócios feitos no período foi com a África do Sul, da
qual foram importados US$ 21 milhões ao Ceará, quase que inteiramente
de minério de ferro. Já os exportadores locais venderam apenas US$ 2
milhões ao país em produtos como ceras vegetais e calçados de borracha
ou de plástico.
UOL