Pintura de Cimabue, considerado o
pai do Renascimento, decorava casa de idosa de 90 anos e foi descoberta por
acaso após venda do imóvel. Pendurada em cima de fogão, obra estava em
excelente estado.
![]() |
Obra data de cerca de 1280
|
Uma obra-prima rara do pintor
italiano nascido no século 13 Cenni di Pepo, também conhecido como Cimabue, foi
leiloada neste domingo (27/10) por 24 milhões de euros (cerca de 106 milhões de
reais), em Paris. A pintura foi descoberta na cozinha de uma idosa francesa em
junho.
Inicialmente, a obra foi avaliada
entre 4 milhões e 6 milhões de euros. A casa de leilões Acteon não revelou o
nome do comprador, mas disse que um museu estrangeiro era um dos interessados
na pintura.
Segundo Dominique Le Coent, da
Acteon, o valor alcançado no leilão bateu o recorde para obras datadas de antes
de 1500. "É uma pintura única, esplêndida e monumental. Cimabue foi o pai
do Renascimento, mas essa venda vai além de todos os nossos sonhos",
acresentou.
A obra foi descoberta quando a
idosa de 90 anos resolveu vender o imóvel onde morava em Compiegne, no norte da
França, e contratou um leiloeiro para examinar os objetos da casa para descobrir
se havia algo de valor.
Depois de vender a casa,
Philomene Wolf tinha apenas uma semana para que um especialista avaliasse os
objetos. "Tive que abrir espaço na minha agenda, se não o fizesse, tudo
teria ido para o lixo", contou a idosa ao jornal francês Le Parisien.
A maior parte do valor arrecadado
no leilão ficará com a idosa, que não tinha noção do tesouro que decorava sua
cozinha.
Conhecida como O Escárnio de
Cristo (Christ Mocked, em inglês), a pintura mede 24 por 20 centímetros e
estava em excelente estado, apesar de coberta de sujeira por ter sido colocada
em cima de um fogão.
A obra-prima atribuída a Cimabue,
considerado o pai do Renascimento, data de cerca de 1280. Especialistas da
galeria Turquin, que examinaram a pintura, concluíram, "com certeza",
que ela ostentava as características próprias do artista italiano.
Segundo historiadores, restaram
apenas cerca de uma dúzia de pinturas em madeira, todas sem assinaturas, feitas
por Cimabue, que influenciou grandes nomes, como Giotto.
CN/AP/AFP/DW