Os dois são integrantes da TUF e
vítima, da Cearamor. Polícia apreendeu dinheiro e artefatos na sede da torcida
do Fortaleza, que alega ser proveniente de venda de ingressos e os fogos de
artifício para um jogo, respectivamente
A rivalidade entre dois clubes de
futebol foi levada para fora do campo e chegou ao nível mais extremo, a morte,
em um episódio ocorrido na Capital. A investigação do 32º DP, da Polícia Civil,
sobre a morte de Othoniel Sousa Fialho, de apenas 15 anos e membro da Torcida
Organizada Cearamor (TOC), levou à prisão de um casal, membro da Torcida
Uniformizada do Fortaleza (TUF).
Francisco Flávio de Aguiar Júnior
e Shirley Maria Coelho Abreu, ambos de 30 anos, foram detidos, ontem, no bairro
Granja Lisboa, em Fortaleza, por suspeita de participação nas agressões ao
jovem, com uso de barras de ferro, ocorridas no dia 24 de novembro deste ano,
após o jogo entre Ceará e São Paulo, na Arena Castelão, pelo Campeonato
Brasileiro. Othoniel morreu dois dias depois, no Instituto Doutor José Frota
(IJF).
O suspeito, conhecido como
'Roliço', já tinha passagens pela Polícia por porte ilegal de arma de fogo e
roubo; enquanto a companheira não tinha antecedentes criminais. A reportagem
apurou que, de início, a intenção dos torcedores da TUF, na abordagem feita no
bairro Canindezinho, era tomar a camisa de Othoniel e dos demais integrantes da
Cearamor, mas terminou em agressão. A defesa do casal nega as acusações.
"As provas que foram
elencadas até o momento apontam primeiramente para dois suspeitos. Temos provas
testemunhais, vídeos e câmeras que foram coletadas no local. Agora, com a
apreensão dos aparelhos celulares, vão ser levados para perícia e,
provavelmente, deve ter (prova) nas conversas dos aplicativos, o que vai nos
ajudar na investigação", afirma o delegado Karlos Kléber.
Apreensão
Além dos mandados de prisão
determinados pela Justiça, a Polícia Civil cumpriu quatro mandados de busca e
apreensão em locais ligados aos suspeitos. Um deles foi cumprido na sede da
TUF, no bairro Benfica, em Fortaleza, onde os policiais apreenderam a quantia
de R$ 5 mil e "objetos que não sabemos identificar ainda se são
sinalizadores ou explosivos", segundo o delegado Marcelo Veiga.
Membros da torcida organizada
foram levados à Delegacia e aparelhos celulares, apreendidos. "O objetivo
da investigação não era a torcida organizada, mas, em razão do elo da morte do
Othoniel com ação de parte da torcida, nós pedimos um mandado de busca e
apreensão para a sede da TUF e lá foi cumprido", explicou Veiga.
A Torcida Uniformizada do
Fortaleza esclareceu, em nota publicada nas redes sociais, que a quantia de
dinheiro apreendida é proveniente da venda de ingressos para o jogo Fortaleza x
Bahia, que ocorre amanhã (8). Quantos aos artefatos retidos, a TUF afirma que
se tratam de fogos de artifício que "são de uso exclusivo em nossas
coreografias que são realizadas dentro da Arena Castelão".
Lei federal
O presidente Jair Bolsonaro
sancionou uma lei, também no mês de novembro deste ano, que altera o Estatuto
do Torcedor para punir torcidas de futebol envolvidas em delitos fora dos
estádios, mesmo em datas em que não houver competição, e ampliar de três para
cinco anos a proibição dos torcedores de comparecer a eventos esportivos.
Em reportagem publicada pelo
Diário do Nordeste no último 28 de novembro, o promotor de Justiça e
coordenador do Núcleo do Desporto e Defesa do Torcedor (Nudtor), Edvando
França, disse que a penalidade prevista na lei não será eficaz. Segundo ele, os
torcedores precisam ser identificados por biometria facial e as punições
direcionadas aos integrantes e não às torcidas.