Mais de 20
presos da Penitenciária Agrícola do Monte Cristo (Pamc), em Boa Vista,
estão contaminados por uma doença infecciosa desconhecida que provoca
feridas na pele, informou o presidente da Comissão do Direitos Humanos
da OAB Roraima, Hélio Abozaglo, ao G1 neste domingo (19).
O caso foi confirmado após uma visita da comissão ao Hospital Geral de
Roraima (HGR), nessa sexta-feira (17). Durante a inspeção, foram
contabilizados 14 presos nos corredores e 10 na enfermaria. Os homens
deram entrada na unidade do início deste mês.
Segundo Abozaglo, alguns dos detentos estão com tuberculose e outros
com suspeita de hepatite, mas ainda não há informações sobre a origem da
doença de pele. Ele afirma que alguns não conseguem andar por conta de
inchaço nas articulações.
“É deprimente. Um dos presos estava com ferimento no pé em carne viva e relatou que se sentiu como algo estivesse corroendo ele por dentro”, disse.
Ainda de acordo com presidente da comissão, os presos relataram que
começaram a sentir os sintomas no corpo após tomarem uma água com mau
cheiro e gosto ruim, mas não soube informar quando ocorreu.
O presídio que está superlotado com mais de 2,2 mil presos foi palco do massacre de mais de 30 detentos em janeiro de 2017. Atualmente, está sob atuação da Força-tarefa de Intervenção Penitenciária, decretada desde o final de 2018.
Em agosto de 2019, 18 presidiários foram levados ao HGR após apresentarem enfermidades
como sarna, tuberculose e furúnculos, causadas pela superlotação da
Pamc, informou o Sindicato dos Agentes Penitenciários de Roraima
(Sindape-RR).
A última visita da comissão à Pamc foi realizada em outubro do ano
passado quando foi constatada a doença, porém em menor gravidade.
Abozaglo informou que na época enviou um relatório ao conselho federal,
relatando a superlotação da unidade e o surto de doenças.
“A parte de saúde da penitenciária é deficitária, não tem medicamento. A situação é muito precária e o presos não têm condições de cumprirem a pena”, comentou.
Em razão do agravamento da doença ele afirmou que um novo documento
está sendo elaborado deve ser entregue às secretarias de Saúde (Sesau),
Justiça e Cidadania (Sejuc), Casa Civil e para juíza da vara de execução
penal para realização das medidas cabíveis. Uma nova visita a unidade
prisional deve ser realizada ainda esta semana.
Por meio do Twitter, a Comissão Interamericana de Direitos Humanos já
tem conhecimento da situação e disse que acompanha o caso.
“Vamos acompanhar e fazer o possível para que as autoridade olhem com
mais atenção [para os presos]. Se o HGR não tem condições de detectar
que tipo de enfermidade estão atacando essas pessoas, que o material
seja enviado para fora para fazer os exames e possa se tomar as
providências corretas”, declarou.
(G1)