A mudança de ano trouxe, também, um novo ânimo ao sertanejo que depende
da água para sobreviver. Há nove anos janeiro não começava com tamanha
robustez pluviométrica no Estado. Os dois primeiros dias deste ano foram
marcados pelos altos volumes de chuva, sobretudo no Cariri, região que
historicamente concentra as primeiras precipitações no Ceará. O início
deste ano fica atrás de 2011. Naquele ano, a Fundação Cearense de
Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme) anotou chuva em 79 cidades no
primeiro dia e, em 130 municípios, no dia seguinte. Em 2020, 166
cidades foram banhadas pela chuvas nos dois primeiros dias do ano. Entre
as 7 horas de terça-feira (31) e 7 horas de quinta-feira (2), a Funceme
contabilizou pluviometria em 60% dos municípios cearenses, com destaque
para Pedra Branca, com chuvas de 57 milímetros.
Um dia antes, três cidades ultrapassaram a marca dos 100 mm: Farias
Brito (122 mm), Aracati (107.8 mm) e Umari (106.6 mm). Essas atividades
pluviométricas decorrem, segundo especialistas da Funceme, da atuação de
um sistema meteorológico comum nesta época do ano. “Tivemos atuação de
um Vórtice Ciclônico de Altos Níveis (VCAN) que foi favorecido por uma
boa quantidade de umidade na atmosfera, formando nuvens de chuva”,
explicou o meteorologista Raul Fritz.
O especialista ressalta, porém, não ser possível mensurar se esse
quadro de chuvas favorável decorrentes do VCAN permanecerá para os
próximos dias ou entrará em declínio. Conforme Fritz, os fenômenos
meteorológicos VCAN e Cavados Altos Níveis (CAN) são imprevisíveis e a
ocorrência varia a cada ano. No entanto, a tendência atual é de
diminuição gradativa a partir de amanhã (4), devido ao afastamento do
Sistema em direção ao Oceano Atlântico.
(Diário do Nordeste)



