O assessor do prefeito de Granjeiro, João Gregório Neto, afirmou ao G1
que avisou ao gestor que ele seria alvo de um atentado. Kléber Freitas
trabalhava com "João do Povo" há três anos e via rivais políticos
dispostos a tomar a prefeitura a qualquer custo.
João Gregório Neto, conhecido como João do Povo, foi assassinado a tiros em 24 de dezembro perto da casa dele, em Granjeiro. Na manhã desta sexta-feira (24), a família do gestor pediu justiça e celeridade para prender os responsáveis. A Secretaria da Segurança diz que a hipótese de que o homicídio se trata de um crime político "está cada vez mais forte". O pai do atual prefeito de Granjeiro, que assumiu o cargo após o assassinato de João do Povo, usa tornozeleira eletrônica e é suspeito de participação no crime.
Segundo Kléber, a primeira alternativa dos rivais foi realizar
denúncias de supostos crimes cometidos por João Gregório à Polícia
Federal (PF) e ao Ministério Público do Ceará (MPCE). O político era
investigado na Operação Bricolagem, realizada em novembro de 2018 para apurar fraudes em licitações de empresas para a construção de escolas no município.
"Chegou a um certo ponto que, em outubro do ano passado, procuraram
alguns vereadores, tentando afastá-lo pela Câmara. O pai do atual
prefeito procurou, oferecendo dinheiro, D-20 [veículo]. Perguntaram o
que o vereador queria. Ele queria ser prefeito, a qualquer custo. Viviam
marcando data na cidade: 'tal dia, o prefeito é Ticiano Tomé'", afirma
Kléber Freitas.
"Quando aconteceu esse fato, eu chamei o prefeito João do Povo. 'João,
eles estão vendo que não vão conseguir te afastar por Justiça, pela
Câmara eles não conseguem porque a gente sabe os nossos vereadores.
Então tu cuida na tua vida, que vão atrás de te matar'. Eu disse isso
com todas as palavras. Não foi só uma, nem duas, nem três vezes. Foram
várias vezes", completa.
Acusação 'precoce'
A defesa de Vicente e Ticiano Tomé afirmou ao G1
que não há provas da participação de seu cliente no crime e que é
"precoce" qualquer acusação de homicídio envolvendo a família do atual
prefeito.
"Nós temos um procedimento inquisitivo, ainda no início. Temos uma
investigação policial em curso. Nós não temos nenhum indiciamento
formal, que tenha Ticiano Tomé ou o seu pai, Vicente Tomé, como autores
intelectuais do delito. É ainda muito precoce essa afirmação. A Polícia
ainda investiga e trilha outras linhas de investigação", ponderou o
advogado Luciano Daniel.
(G1/CE)



