A 87ª Promotoria de Justiça de Fortaleza denunciou, no último mês de
janeiro, os empresários Bruno Barbosa Borges, 39, e Romélio Montoril
Leite, 42, por estelionato. O primeiro trabalha para o Grupo Manhattan
Construtora, e Romélio é um de seus funcionários. O Ministério Público
do Ceará (MPCE) argumenta que, "mediante fraude, eles induziram em erro a
empresa 'Avançar Construções Eireli', auferindo vantagem ilícita".
De acordo com a denúncia, obtida pela reportagem, o representante
legal da "Avançar Construções", Alexandre Nunes Gurgel, em agosto de
2018, comprou dois terrenos da empresa "Espírito Santo", que é vinculada
ao Grupo Manhattan. Alexandre afirma que toda a negociação para as
compras foi realizada com o empresário Bruno Barbosa.
Ficou acertado que os terrenos seriam pagos em 50 parcelas de R$ 5
mil cada. O Ministério Público afirma que foram oito cheques,
totalizando R$ 40 mil à empresa do Grupo Manhattan. Contudo, Alexandre
Nunes, dono da "Avançar", percebeu que os imóveis estavam irregulares,
por isso entrou em contato com Bruno para resolver a questão. Dias
depois, porém, ele deixou de atender telefonemas e nunca chegou a
devolver os valores. As duas empresas, a "Manhattan" e a "Avançar" ficam
no mesmo prédio comercial, na Avenida Santos Dumont, no bairro Aldeota,
em Fortaleza.
Vantagens indevidas
Para adquirir os terrenos da compra, Alexandre Nunes repassou o
contrato social da empresa que representa. Conforme o MPCE, com o
documento em posse, Bruno e Romélio "passaram a realizar diversas
negociações em nome da vítima".
Na denúncia, há a presença de um contrato de locação e venda de
equipamentos de alarme e câmeras com uma empresa de segurança privada,
cujo objeto custou à "Avançar" R$ 3.603,26. Todo o negócio foi feito por
meio de assinatura falsa.
Além dos contratos de segurança privada, a Polícia Civil também
conseguiu chegar a mais duas firmas de turismo, pelas quais Romélio e
Bruno fizeram negócios em nome da "Avançar". Os investigadores
obtiveram, por meio de representantes das organizações privadas,
documentos de locação de veículos e compras de passagem aérea, bem como
detalhes de como as transações foram realizadas por Romélio, através de
um aplicativo de mensagens.
Os gastos nas duas empresas de turismo também não foram pagos pela
dupla denunciada pelo Ministério Público. O promotor Felipe Diogo de
Siqueira França pediu à 8ª Vara Criminal da Comarca de Fortaleza o
acolhimento da denúncia por estelionato. De acordo com o advogado da
"Avançar" e assistente da acusação, Nelson Brandão, Bruno Barbosa já
responde a quatro inquéritos - três na Polícia Civil e um na Polícia
Federal. "Na semana passada, indexei pedido de prisão preventiva do
Bruno porque existem outros procedimentos em trâmite na Delegacia de
Defraudações, porque ele lesou outras pessoas, e porque ele se evadiu do
distrito da culpa, foi para Amsterdã, na Holanda".
Outro lado
Para o advogado Flávio Jacinto, que representa o empresário Bruno
Barbosa, "o que está na ação penal, se vai ser verdadeiro ou não, nós só
podemos dizer com o julgamento. Não podemos falar de condenação
enquanto os fatos não forem apurados em vias da Justiça, não se pode
falar em crime cometido por alguém". Flávio Jacinto afirmou ainda
desconhecer outros inquéritos abertos na Polícia contra o cliente dele.
A reportagem não conseguiu contato com o administrador Romélio
Montoril Leite. Em depoimento, Romélio afirmou que Bruno Barbosa "lhe
disse que era dono da empresa 'Avançar', quando lhe entregou toda a
documentação cadastral da empresa e o cartão de uma conta bancária com
senha".
(Diário do Nordeste)