A notícia sobre o arrombamento parcial de uma parede auxiliar do açude de Granjeiro,
em Ubajara, deixou comunidades no entorno do Rio Jaburu, abastecido
pela represa, em estado de alerta. A principal preocupação é sobre o
nível da água do rio, que aumentou após o rompimento, e atingiu
passagens molhadas e plantações da região.
De acordo com Wilton Maranhão, técnico da defesa civil estadual, não há motivo para preocupação.
“A água do Rio Jaburu vai pegar o seu curso normal. Ela vai entrar em
algumas regiões porque é o leito natural do rio. Os riscos existentes
são como toda obra desse porte mas isso está sendo acompanhado pelo
município." explica.
Apesar de nenhuma casa da comunidade ter sido atingida pelas águas,
alguns moradores perderam materiais de trabalho. Motores utilizados para
bombear água foram atingidos pela enchente. É o que explica a
aposentada Helena Maria de Sousa, 76. “Pegou naqueles que estavam na
beira de rio. Quando amanheceu o dia a água já tinha invadido e os
agricultores tiveram prejuízo.”
A situação afetou ainda as águas da Cachoeira do Balneário do Boi
Morto, também localizada em Ubajara. Após a cheia, a queda d'água ficou
com cor de lama. A barragem de Granjeiro abastece o volume do balneário,
que é um dos pontos turísticos mais procurados da região.
Após rompimento parcial no açude em Granjeiro, em Ubajara,
Cachoeira do Balneário do Boi Morto, um dos pontos turísticos da região
fica com cor de lama.
Mateus Ferreira
O reservatório do açude em Granjeiro, de administração particular,
estava sob reparos para evitar a desativação da represa. Uma estrutura
auxiliar para barrar a água, chamada de ensecadeira, foi construída para
que a manutenção da parede fosse continuada. Na última terça-feira
(28), a Defesa Civil do Estado esteve no local para inspecionar a obra.
“O papel da ensecadeira foi reter o volume de água enquanto era feito o
trabalho de inspeção e injeção de cimento”, explica Maranhão.
Barragem está sob monitoramento federal
A Agência Nacional de Águas (ANA), órgão responsável pela gestão de
recursos hídricos do Brasil, informou, através de nota, que as
investigações sobre a barragem Granjeiro, de gerenciamento privado,
constataram que o empreendedor responsável tem realizado intervenções
sem projeto adequado e sem acompanhamento especializado.
Ainda de acordo com a ANA, a Justiça Federal determinou que o
proprietário do reservatório Granjeiro realizasse as obras para
segurança e redução do risco de rompimento do empreendimento, que
continua sendo monitorando. No ano passado, o açude Granjeiro apresentou sério risco de arrombamento.
Mais de 250 famílias que viviam no entorno da represa foram realocadas
pela Prefeitura de Ubajara. Na tentativa de prevenir a cheia, a
Coordenadoria Estadual de Defesa Civil do Ceará (Cedec) colocou 12 mil
sacos de areia e abriu 60 metros do sangradouro.