Quando chegou de Pernambuco para morar em Juazeiro do Norte em 1974, o
ex-gerente de fazenda e vaqueiro Pedro Gonçalves da Silva, 67, mais
conhecido como Pedim, já dominava as técnicas de inseminação artificial
bovina e a pecuária de leite. Com a criação do Condomínio de Produção
Familiar Dona Bia, na Zona Rural de Juazeiro do Norte, “Pedim” passou a
dominar a prática da horticultura, da produção orgânica com a técnica
agroflorestal e mais recentemente o uso do bioinseticida Bt. O novo
conhecimento vem sendo fundamental para o controle de uma praga
responsável por muitas perdas na safra do milho.
O produto biológico é usado no combate à lagarta do cartucho, praga
que ataca a lavoura do milho no estado e nesta safra vem causando
prejuízos aos agricultores. Visando reduzir esse dano econômico e
direcionar um tratamento adequado e sustentável ao problema, está sendo
usada uma solução concentrada de uma bactéria denominada Bacillus
thuringiensis ou apenas bioinseticida Bt.
Desenvolvido em laboratório da Secretaria do Desenvolvimento Agrário
(SDA) desde 2017, e distribuído sob orientação da Empresa de Assistência
Técnica e Extensão Rural do Ceará (Ematerce), o Bt já vem apresentando
ótimos resultados no combate e controle da praga, tanto em lavouras de
milho como em hortas. Na área de plantio no Condomínio Dona Bia, onde
começou a ser aplicado em janeiro de 2020, em cerca de seis hectares já
foi possível identificar os efeitos do uso do produto.
“Com a lagarta do
cartucho, que vai até o talo da folha, em dois ou três dias ela tá
morta. Mas é preciso aplicar o Bt logo no início do plantio para não ter
risco de perder a colheita”, diz Cícero Gonçalves, outro produtor da
região e que atua no condomínio.
Segundo o técnico agrícola da Ematerce Alan Douglas, do Escritório da
Ematerce na Regional Crato, as vantagens da aplicação do Bt, em relação
aos defensivos químicos, são muito grandes. Além de zero impacto à
natureza e às culturas, porque o Bt é a base de concentrado de uma
bactéria, que atua diretamente no sistema digestivo da lagarta
destruindo a praga em dois ou três dias no máximo, a solução é
facilmente produzida e sua aplicação não precisa de equipamentos de
segurança.
“Infelizmente ainda há uma resistência por parte dos produtores
rurais, porque com o defensivo químico ele vê o animal morrer na hora,
enquanto com o Bt o veneno atua dentro do animal mais vagarosamente, mas
a eficácia é mais limpa para o solo, a planta e o meio ambiente”,
explica Alan. A Ematerce realiza a distribuição do Bt juntamente com as
sementes do Programa Hora de Plantar, do Governo do Ceará por meio da
Secretaria do Desenvolvimento Agrário.
(Governo do Estado do Ceará)



