A pandemia de coronavírus paralisou a maior parte do futebol brasileiro em 2020, salvo poucas federações como a do Estado do Ceará. O consenso nacional não existe, o que permite uma série de interpretações sobre o que é ou não permitido. Mas a CBF acatou a indicação do Ministério da Saúde e suspendeu os torneios chancelados pela entidade, como a Copa do Brasil. O detalhe nisso tudo é que o principal gargalho do esporte no país é o calendário, ou seja, quem garante que o Campeonato Brasileiro vai começar mesmo em maio?
Não duvide caso as rodadas ocorram de portões fechados - o que expõe os
atletas ao risco de contaminação. O cenário então nos fornece uma
oportunidade de transformar o calendário e propor uma reforma no maior
esporte brasileiro.
O jornalista Paulo Vinicius Coelho (PVC), no blog do GloboEsporte.com,
listou as possibilidades estudadas pelos cartolas dos grandes clubes,
como Palmeiras e Flamengo. E seja qual for a escolha, é certo que a
temporada será inédita e histórica, com o problema central recebendo uma
nova solução (ou problema) para eventos como a Série A do Campeonato
Brasileiro.
1. Esperar o coronavírus passar
O primeiro ponto dos dirigentes é não mudar. Com as regiões começando a
se inserir no radar do coronavírus, a CBF pode esperar a normalização do
país para retomar o calendário, com jogos previstos até dezembro.
Assim, para realizar tudo no mesmo ano, a maratona dos clubes deve
atrapalhar o desempenho dos atletas. Uma possibilidade analisada pela
cúpula da entidade é fazer a edição da Série A com apenas um turno +
mata-mata. Logo, os times ganham menos dentre as cotas de TV.
2. Estadual sem campeão
Em curso, os principais torneios são os locais. Aqueles que muitos não
atuam com o time principal, como Athletico/PR e Bahia - apesar de todos
brigarem pelo título. Como uma parte dos clubes sequer o trata como
prioridade, foi levantada a possibilidade de encerrar de vez os
Estaduais, ou seja, a competição seria finalizada sem um campeão em
2020. Logo, ao término da pandemia, as equipes iriam focar 100% nas
divisões do Brasileirão, evitando um desgaste maior dos times.
3. Calendário europeu
Um sonho antigo da entidade também ganha força nos bastidores. Se os
Estaduais fossem ampliados até agosto, o Brasileirão poderia começar em
setembro, o que inicia a temporada 2020/2021 como na Europa. Isso
equilibra o futebol mundial, evita convocações das seleções em datas
impróprias e equilibra as janelas de transferências. A chave polêmica,
no entanto, é que o cenário do exterior prioriza os eventos principais -
divisões nacionais e torneios internacionais - sem espaço para os
Estaduais. Os torneios locais deveriam se readequar durante o ano, com
novas datas, e talvez sem os principais times.
Em si, nenhuma opção é fácil. No Brasil, as proporções são grandes pela
extensão territorial, e o dinheiro tem peso dobrado em qualquer escolha.
Para funcionar, será preciso uma verdadeira união entre elos com
objetivos divergentes: Federações x Clubes x TVs. São ideais que
necessitam de muitos. No entanto, qualquer ponto traçado abriria
precedente para um pensamento futuro diferente. São tempos de reforma no
país do futebol.
CBF