Criança de dois anos morta após se afogar em piscina de creche é enterrada em Caucaia


O velório de Clarisse Oliveira Fernandes, de 2 anos e quatro meses, que morreu afogada em uma piscina de uma creche, no bairro Itaperi em Fortaleza, foi marcado por grande comoção. O sepultamento ocorreu às 11h deste sábado (14), no Parque da Saudade, em Caucaia e reuniu amigos e familiares da vítima. Cada um levava nas mãos uma rosa branca. Houve orações e homenagens.

A mãe Brenda Oliveira Fernandes não escondia a tristeza. Ainda inconformada ela pediu justiça e que os responsáveis sejam punidos.  "Quero justiça, sei que nada vai trazer a minha filha de volta, nada. Mas eu quero que o crime não fique impune para cada responsável daquela escola", disse.

Emocionada, Brenda disse que está sem força e que um pedaço dela se foi junto com a filha. "Estou sem forças. Quem é mãe sabe. Foi tirado de mim um pedaço da minha vida. Meu coração está despedaçado", afirmou. 

Clarisse morreu após se afogar na piscina de uma creche-escola particular onde estudava, na Rua Suécia, no Bairro Itaperi, em Fortaleza, na última quinta-feira (12). A menina chegou a ser socorrida para uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA) e, em seguida, foi transferida para um hospital particular da capital, mas não resistiu e faleceu por volta das 23h40.

Depoimentos

Segundo ainda a mãe da criança, um boletim de ocorrência foi registrado no 5º Distrito Policial, no Bairro Parangaba. A gerente da creche e duas professoras prestaram depoimento. As câmeras de segurança da creche serão estudadas pela polícia. 

De acordo com o tio da vítima, o servidor público Leonardo Augusto Oliveira, o caso aconteceu por volta do meio-dia. As crianças estavam em uma sala de descanso, para repousar após o almoço, quando a professora que cuidava da turma se ausentou, diz o tio, ressaltando que as informações do ocorrido foram repassadas pela própria diretora da escola. Clarisse Oliveira Fernandes era diagnosticada com autismo.

A menina chegou a ser socorrida para uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA) e, em seguida, foi transferida para um hospital particular da capital, mas não resistiu e faleceu por volta das 23h40.

A diretoria da escola foi procurada pela reportagem, mas não retornou as ligações e não respondeu às mensagens. O prédio da unidade de ensino está fechado, conforme constatou a equipe de reportagem. A Secretaria da Segurança Pública informou que o 5º Distrito Policial (DP) já está apurando "as circunstâncias referentes à morte".

Menina chegou à piscina por "brecha", segundo tio

A família se dirigiu até a creche para saber detalhes do afogamento, tão logo soube do que aconteceu.
“Ela (diretora) informou que a Clarice estava na sala de descanso quando a professora saiu da sala para dar o almoço das crianças mais velhas e ao retornar não encontrou minha sobrinha”, afirma.

Foi neste momento que a menina saiu do local e foi em direção à piscina, onde fazia natação. O portão que daria acesso à piscina estava fechado, mas havia uma brecha, por onde a menina passou.

Segundo Leonardo, a brecha se tratava de uma intervenção parada na escola, que previa a instalação de um portão de alumínio. No local, seria colocado um trilho do portão de alumínio que daria acesso à garagem.

Aviso tardio 

Os pais de Clarice foram informados do acidente por um funcionário da escola somente quando ela já estava em atendimento na unidade hospitalar.

“O pai de outra criança e um funcionário prestaram os primeiros socorros e em seguida levaram ela para a Upa. Quando minha irmã e meu cunhado chegaram lá ela estava com parada cardiorrespiratória e foram feitos cinco ciclos de reanimação até ela reagir”, relata Leonardo.

12 minutos submersa

Ainda segundo Leonardo, a creche possui câmeras de segurança e, após ter acesso individualmente ao conteúdo, a diretora informou aos familiares que a menina passou 12 minutos submersa até ser resgatada pelos funcionários, após buscas nas dependências da escola.

A família solicitou as imagens, porém teve o pedido negado pela diretora, que estava acompanhada de uma advogada. “Ela foi resistente e não nos mostrou os registros”, garante o familiar.

"Absolutamente revoltante"

Leonardo informa ainda que a escola levou a criança para uma unidade de saúde, mas não se disponibilizou a prestar mais nenhum tipo de apoio à família.

"A escola não manteve nenhum tipo de contato com os pais. Tentamos hoje e não conseguimos. A própria delegacia disse que a escola está fechada e a diretora incomunicável"

Para o tio de Clarisse, a morte da sobrinha é uma situação "absolutamente revoltante". "A nossa família está imersa em dor e indignação. A impressão que temos é de que não acordamos de um pesadelo. Que outras famílias não passem pelo o que estamos passando nesse momento".


 (Diário do Nordeste)

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