Segundo reportagem do jornal alemão Welt am Sonntag, publicada no
último domingo (15/03), os governos da Alemanha e dos Estados Unidos
entraram numa disputa envolvendo uma potencial vacina contra o novo
coronavírus COVID-19, que está em fase de desenvolvimento pelo
laboratório alemão CureVac.
A publicação citou uma fonte anônima
próxima do governo alemão dizendo que Trump está fazendo de tudo para
obter o agente imunizador: o presidente teria oferecido "1 bilhão de
dólares" para garantir que a vacina seja "apenas para os Estados
Unidos".
Segundo o Welt, membros do governo em Berlim já estariam
negociando com a companhia para evitar que o líder americano obtenha os
direitos exclusivos.
Sobre a vacina da CureVac contra o Coronavírus
A CureVac, que receu 8,3 milhões de dólares da Coalition for Epidemic Preparedness Innovations
(Cepi), afirmou que poderá produzir em massa uma imunização contra o
coronavírus se sua técnica de vacina de dose reduzida for bem-sucedida
em testes clínicos.
O laboratório trabalha hoje na fabricação de
uma vacina contra o vírus Sars-Cov-2 em colaboração com o Instituto Paul
Ehrlich, vinculado ao Ministério da Saúde alemão. A expectativa é ter
uma vacina experimental até junho ou julho e, em seguida, obter
aprovação para testes em para testes em humanos.
"Começamos com
uma série de candidatos (para a vacina contra coronavírus) e agora
estamos selecionando os dois melhores deles. Estes irão para testes
clínicos", disse von der Muelbe.
A CureVac, fundada em 2000, está
sediada na cidade de Tübingen, no sudoeste alemão, e possui
laboratórios em Frankfurt e em Boston, nos Estados Unidos.
Na
semana passada, a CureVac surpreendeu ao anunciar que substituiu o então
CEO Daniel Menichella por Ingmar Hoerr, apenas algumas semanas após
Menichella se encontrar com Trump.
"Estamos muito confiantes de
que seremos capazes de desenvolver uma potente candidata a vacina dentro
de alguns meses", afirmara Menichella logo após o encontro em
Washington, que também contou com o vice-presidente Mike Pence e
representantes de empresas farmacêuticas.
Alemanha reage
Em
coletiva de imprensa neste domingo, jornalistas pediram ao ministro
alemão do Interior, Horst Seehofer, que confirmasse a investida de
Trump. "Só posso dizer que ouvi várias vezes hoje de membros do governo
que este é o caso, e discutiremos isso no comitê de crises amanhã",
disse.
Por sua vez, o ministro da Economia, Peter Altmaier,
reagiu à reportagem do Welt, que traz a manchete "Trump vs Berlim" em
sua capa, afirmando que a "Alemanha não está à venda".
O caso
provocou fúria em Berlim. "O que importa agora é a cooperação
internacional, não o interesse nacional próprio", disse o deputado
conservador Erwin Rüddel, membro do comitê de saúde do Parlamento
alemão.
Christian Lindner, líder do Partido Liberal Democrático
(FDP), acusou o presidente dos EUA de usar a questão para fins
eleitorais, já que concorre à reeleição neste ano. "Obviamente, Trump
usará todos os meios disponíveis numa campanha eleitoral", afirmou.
O que dizem os EUA
Por
outro lado, uma autoridade dos Estados Unidos alegou à agência de
notícias AFP que a reportagem do jornal alemão foi "exagerada". "O
governo dos EUA conversou com muitas (mais de 25) empresas que afirmam
poder ajudar com uma vacina. A maioria dessas companhias já recebeu
financiamento inicial de investidores americanos", disse.
O
funcionário também negou que Washington esteja tentando comprar uma
vacina para mantê-la exclusivamente no país. "Continuaremos a conversar
com qualquer empresa que diz poder ajudar. E qualquer solução encontrada
será compartilhada com o mundo."
Sobre a Vacina da CureVac
A
vacina introduz no corpo um pedaço de informação genética igual ou
muito parecida à que existe no coronavírus, mas produzida em
laboratório. O objetivo é obrigar o sistema imunitário a reagir quando
essa informação genética é introduzida na célula para, o caso a pessoa
seja infetada pelo coronavírus, que o organismo já saiba como comabter o
vírus.
Pfarma.com.br