No cenário de pandemia, a sociedade civil deve estar alinhada com as 
políticas públicas de enfrentamento à disseminação de uma doença. Com os
 casos sucessivos da Covid-19 no Ceará, o governador Camilo Santana 
baixou decreto impondo o fechamento de estabelecimentos comerciais desde
 ontem, com exceção de farmácias, supermercados e postos de 
combustíveis. A mensagem de preservação e isolamento, no entanto, ainda 
não foi totalmente digerida por uma parcela da população, que insiste na
 procura de serviços com grande aglomeração social, contrariando as 
recomendações das autoridades de saúde.
Já no início da manhã, equipes da Polícia Militar foram deslocadas para 
espaços com concentração de pessoas. Na Praça da Cidade 2000, em 
Fortaleza, a PM precisou intervir na dispersão de cerca de 400 feirantes
 do bairro. O alto-falante da viatura reforçava o alerta: “A PM pede que
 a população evite aglomeração em locais públicos. O momento é de 
conscientização. Faça sua parte e ajude a diminuir a disseminação do 
coronavírus”. Mesmo com o aviso, parte dos vendedores permaneceu 
comercializando os produtos até que os militares fizeram uma segunda 
interferência solicitando a saída.
A suspensão foi recebida sob protestos. Segundo Francisco Edmilson, que 
vende frutas e verduras, os artigos já estavam comprados antes do 
anúncio da restrição das atividades, o que gerou a necessidade de ir à 
feira para não ter perdas financeiras. “O governador passou muito tarde 
pra gente essa decisão e a mercadoria já fica nos carros para trazer de 
madrugada. Ele deu 10 dias sem a feira e a perda é grande. No meu caso, 
eu trouxe R$ 3 mil em compras”, registra.
A desobediência às medidas restritivas alcançou ainda cidades do 
interior. A ronda da PM aconteceu em Cascavel, São Gonçalo do Amarante, 
Sobral, Icó e Aquiraz, por exemplo. De acordo com o comandante-geral da 
PMCE, coronel Alexandre Ávila, o dono de um bar em Maranguape chegou a 
ser conduzido à delegacia por ter se recusado a fechar o 
estabelecimento. “Ele foi autuado e hoje estaremos intensificando as 
ações em áreas públicas e cumprindo o decreto do governador”.
Mudança
O decreto publicado na última quinta-feira (19) prevê o fechamento de 
bares, restaurantes, lanchonetes, igrejas, museus, cinemas, academias, 
clubes, centros de ginástica, lojas, shoppings e centro comercial. O 
objetivo é retardar a contaminação por coronavírus no Ceará, já que com o
 fechamento dos serviços, as pessoas não têm contato físico - ou não 
deveriam ter.
O POVO



