A maioria dos pacientes infectados com o novo coronavírus no Ceará são pessoas com idades acima de 60 anos. Todos os nove pacientes que testaram positivo para o Covid-19 no Estado voltaram de viagem ao exterior ou tiveram contato com quem havia acabado de regressar de viagens - em especial à Europa e Estados Unidos.
A afirmação é do secretário da Saúde do Ceará (Sesa), Carlos Roberto
Martins Rodrigues Sobrinho (Dr. Cabeto), em entrevista ao Sistema Verdes
Mares (SVM), nesta terça-feira (17).
A contaminação dos pacientes no Ceará que não estiveram no exterior
ocorreu, mais precisamente, por meio do contato com pessoas que
realizaram as viagens a outros países e vivem em São Paulo, Rio de
Janeiro e Bahia, estados com os quais o Ceará mais mantém relações,
explicou Dr. Cabeto.
Apesar dos casos registrados, ele garante que o quadro de saúde de todos os pacientes infectados está "sob controle".
Casos no Ceará
De domingo (15) para segunda-feira (16), o número de casos confirmados
no Estado triplicou, passando de três para nove, conforme o último
boletim divulgado pela Sesa. Os casos investigados chegam a 62, enquanto
99 foram descartados.
O pico da doença no Estado, porém, deve ocorrer entre abril e maio,
prevê Dr. Cabeto. Apesar da perspectiva, para Cabeto não é necessário
pânico. Para ele, o importante é que a sociedade esteja ciente de que o
mundo inteiro atravessa um momento delicado.
"É fundamental que a sociedade tenha consciência (da doença), não ache
que é uma coisa simples, pra que a gente não seja pego de surpresa em
situações catastróficas, como a gente vê em outros países".
Medidas
Para a virologista e epidemiologista da Universidade Federal do Ceará
(UFC), Caroline Florêncio, as medidas tomadas pelo Poder Público estão
de acordo com o que vem sendo implementado em outros países, como a
China, que conseguiu controlar a epidemia. "O isolamento, juntamente com
os hábitos de educação e higiene adotados, são as melhores armas contra
o avanço do número de casos", diz a pesquisadora.
Para Caroline, é preciso "sermos cuidadosos ao extremo neste momento em
que estamos sob controle do que esperar acontecer um número assustador
de casos (como na Itália)". A medida de isolamento pode ajudar a conter
os casos que chegam ao Ceará, segundo ela. "A exemplo da China, que
agora reporta casos importados apenas, o isolamento é de fato bastante
eficaz", diz Florêncio.
De acordo com a pesquisadora da UFC, o medo da população nesse primeiro
momento é natural, mas na "medida em que passamos a conhecer mais a
doença, o seu agente e sua epidemiologia, o medo dá lugar à razão".
"E assim como o H1N1 ficou comum, talvez a Covid-19 seja também mais um
vírus a ter circulação entre os humanos. Ter medo é natural diante uma
doença emergente", conta Caroline.
Assim como o secretário de saúde, a professora prevê que o pico
epidemiológico da doença no Estado do Ceará ocorra em torno do mês de
abril deste ano.
"Nós temos outros vírus endêmicos aqui em Fortaleza, como o vírus
sincicial respiratório e o influenza A, que tem o seu pico de atividade
no mês de abril (tem artigos que comprovam isso). Se a Covid-19 vai
seguir o mesmo comportamento, só o tempo dirá".