A instabilidade da economia mundial, que vem afetando a desvalorização
cambial do real frente ao dólar, não deverá ficar restrito ao mercado
financeiro. Segundo economistas ouvidos pela reportagem, os setores de
serviços e comércio podem ter os produtos encarecidos em até 40%,
elevando, por exemplo, o preço do pão e vários itens nos supermercados,
como a carne.
A dinâmica cambial, apesar de não influenciar diretamente quem não
compra dólar, afeta todas as cadeias produtivas que dependem da
importação de insumos, matéria-prima e equipamentos. Dentro dessa
análise, muito produtos negociados em supermercados serão afetados pela
desvalorização do real frente ao dólar.
O pão, por exemplo, depende as importações do trigo, enquanto alguns
itens nas gôndolas terão os preços afetados pelo encarecimento das
embalagens ou insumos importados, segundo Reinaldo Domingos presidente
da Associação Brasileira de Educadores Financeiros (Abefin) e dono do
canal Dinheiro à vista no YouTube.
"O impacto é simples, os aumentos do dólar e do euro vão pressionar uma
situação de aumento em todos os produtos que sofrem influencia direta da
importação, como o pão, que depende do trigo. O supermercado do
brasileiro tem muita coisa que depende do dólar, como embalagem, então
vão aumentar. Setores vão ter altas de 20% a 40% e alguns podem até
dobrar os preços", disse Reinaldo.
As pessoas que já compraram passagens para viagens no exterior também
poderão ser prejudicadas com a alta do dólar. Segundo Alcântara Macêdo,
economista e consultor internacional, com a alta da moeda americana,
todos os serviços lá fora, como hospedagem, lazer e alimentação, ficarão
mais caros.
Apesar dos pontos negativos, Macêdo destacou que as empresas que faturam
com exportação no Ceará poderão se beneficiar da flutuação cambial,
apontando um contraponto positivo.
"Para quem está exportando é muito bom, porque essa desvalorização do
dólar aumenta os ganhos. Quem perde muito é quem já pagou as viagens
para o exterior porque as hospedagens, lazer e alimentação ficarão mais
caros", disse Macêdo.
Contornando a alta
As recomendações para não ser tão impactado pela alta do dólar, de
acordo com os economistas, passam pela análise dos gastos pessoais para
redefinir prioridades. O objetivo é focar em coisas de necessidade
prioritária, como saúde, alimentação e higiene.
Produtos que tiverem os preços alterados pela flutuação cambial e que
puderem ser deixados de lado, devem deixar de ocupar espaço no
orçamento.
"O que precisa ser feito é conscientizar a família e não de desesperar e
fazer com que todos entendam que como serpa o impacto na vida de cada
um, e na família de cada um", disse Reinaldo.
O presidente da Abefin ainda reforçou que os preços dos produtos no
Brasil deverão passar por um processo elástico, não retornando ao
patamar anterior ao período de flutuação do dólar.
"Vamos passar por um efeito elástico. Tudo que aumentar vai ocasionar em
pós crise não retornar aos valores que tínhamos. As coisas vão ficar
mais caras, então é preciso reavaliar os gastos no orçamento", explicou.
UOL